sábado, 20 de maio de 2023

Santa Cruz do Capibaribe se despede de Compadre Neto e Blog Direto ao Ponto relembra matéria especial com ele de 25 de outubro de 2015

 Bate-papo Compadre Neto 


José Amaro das Chagas, ou simplesmente Compadre Neto, radialista, instrumentista, poeta, declamador, compositor, forrozeiro de raiz... Por essas e outras é considerado um dos ícones da cultura local. Foi o convidado do bate-papo Direto ao Ponto, nessa quarta-feira (21), e contou muito de sua vida e carreira artística. 

Viaje no tempo, nas linhas que se seguem.  

Infância 
Nasceu em 05 de outubro de 1948 no Sítio Moreira, município de São João do Cariri-PB. Filho de Maria Eunice Minerva e Amaro Manoel das Chagas (In memoria). 

No Cariri Paraibano apenas o nascimento, pois logo no primeiro ano de vida, muda-se para Taquaritinga do Norte, sendo criado no distrito de Mateus Vieira. “Mateus Vieira foi realmente onde me criei. Menino sapeca, tomando banho no riacho, pegando guaru e tomando cachaça desde logo cedo...”, conta aos risos. 

Nesse período, viagens para Taperoá no lombo de um burro, era algo corriqueiro. “Fui tropeiro. Dormíamos na Vila do Pará, onde já vendia sulanca. Para Taperoá eram 4 ou 5 dias. Era um tempo difícil mas divertido”, relembra. 

Mudança para Capital Federal 
Meados dos anos 60, com o forte crescimento da construção 
civil, muda-se para Brasília, acompanhado do irmão mais velho. Tempos mais tarde leva a esposa e outro irmão. 

Foi em Brasília que começou a se apresentar em rádios como instrumentista. “Ia pra Radio Nacional no domingo pela manhã. Edvaldo, meu irmão passou 40 anos em Brasília cantando forró e era muito conhecido no meio artístico. Certo dia faltou um locutor e me chamaram. Fui e fiz o programa, no outro dia os colegas da construção diziam que era um artista”, conta. 

É na Capital federal também que nasce seu primeiro filho. 

Vida em Santa Cruz do Capibaribe 
Em 1973, com 25 anos de idade, chegou a Santa Cruz do Capibaribe, onde tornou-se sulanqueiro e um dos pioneiros na cidade a fazer locução de carro de som nas campanhas políticas. 

Vida de sulanqueiro – No comércio, fabricava em Santa Cruz e vendia em distintos estados. Do Nordeste, principalmente no Rio Grande do Norte e Maranhão.

Com desenvoltura nas locuções em bancas e feiras, não demorou muito para que notassem o talento do rapaz. Fazia as propagandas de outras lojas e eventos na cidade. 

Era o jovem era responsável pela divulgação das festas do Novo Clube de Pedro Laurentino, ainda num Opala, pelas poucas ruas do município. 

Campanhas políticas 
Sendo ‘a voz boca-preta’ na campanha de Padre Zuzinha para prefeito, em 1976, era responsável por apresentar comício e puxar passeata com os poucos recursos oferecidos para época.

Compadre Neto faz uma observação. Fazendo o mesmo trabalho do outro lado político, tinha um grande amigo: Fernando Amaral. Afirma que as disputas nunca foram empecilhos para terem uma relação amigável. “Naquele tempo não tinha toca fita, gravador, cd... era toca disco ligado na bateria do carro, que era uma rural com 4 difusoras. E a gente parava os carros no cruzamento, tomava uma cervejinha e conversava sobre quantas pessoas tinham em cada passeata. Depois voltava novamente a fazer as locuções”, fala. 

O responsável pela lambadinha...
Talvez a música mais tocada em campanhas eleitorais em Santa Cruz do Capibaribe, a famosa ‘lambadinha’, chegou à cidade por suas mãos.

“Estava em Lago de Pedra no Maranhão, e ouvia os Populares do Igarapé Mirim tocando a ‘lambadinha’ e gostei. Comprei um LP e trouxe até para animar as feiras”, conta. 

Nesse tempo as passeatas eram movimentadas pelas charangas, que em dado momento, os integrantes também iam cansando e parando. Com a introdução da ‘lambadinha’ nessse meio tempo, não dava pra ninguém ficar parado. 

Inicialmente a música animava correligionários da ala ‘Boca-Preta’, com o passar dos anos tornou-se um ‘hino’ das eleições de uma forma geral. Não apenas em Santa Cruz, mas diversas cidades do Nordeste têm a ‘lambadinha’ como sinônimo de animação para os pleitos. 

No rádio e muito forró 
Começou na Rádio Vale do Capibaribe, com sua inauguração em dezembro de 1985. No Programa diário ‘Desperta Nordeste’, passou 25 anos, tocando forró autêntico e cedendo espaço para diversos artistas da região. 

O sucesso no rádio, com o alcance da emissora no interior da Paraíba, fez com que Compadre Neto fosse aguardado por dezenas de famílias, com o desejo de verem seus filhos batizados, por ele. 

O forró – A música está enraizada em sua vida. Aos oito anos aprendeu a tocar melê. E com as apresentações, aos quinze anos foi convidado por José Abdias de Farias para gravar um LP consigo, no Rio de Janeiro. “Meu pai disse, ‘tais pensando que eu vou te soltar sozinho para o Rio de Janeiro? Nem pensar’”, relembra, dando razão ao pai. 

Além de Abdias, Neto se apresentava com Marinês.  No meio artístico coleciona amizades com forrozeiros da cidade, região e com renomados nacionalmente. 

Com músicas autorais, chegou a gravar um CD ‘Forró no Pindurão’, com Fogoió dos oito baixos, Bento da Zabumba, Toin Catanha, entre outros amigos.  

No rádio ainda trabalhou nas Rádios Comunidade e São Domingos FM. 

De pai para filho 
A carreira do pai influenciou os filhos. Três dos cinco ingressaram no meio e formaram a Banda ‘Força Jovem’. Com o tempo passou a se chamar ‘Sinal Vermelho’ e findou em 2002 como Banda Saara. 

Jogo Rápido 

Forró – Minha paixão 
Alcymar Monteiro – Grande amigo 
Santanna – Outro grande amigo 
Cariri da Paraíba – Minha terra, minha naturalidade 
Pedro Laurentino – Grande amigo. Trabalhei muito com ele, gente fina da melhor qualidade 
Ivan Bulhões - Meu inspirador 
Rádio Vale – Minha casa
Toin Catanha – Meu parceiro 
Zé Mendonça – Tanto ele, quanto Mendocinha tenho como amigos
Augustinho Rufino – Foi grande deputado, prefeito e grande figura 
Geraldo Costa – Uma grande figura na minha vida
Hildo Teixeira – Grande parceiro 
Padre Zuzinha – Me batizou e me casou há 46 anos
Lambadinha – Deu um levante na política de Santa Cruz 
Grupo Boca-preta – Sempre foi meu grupo 
Santa Cruz do Capibaribe – Minha cidade, minha vida 

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