segunda-feira, 20 de julho de 2015

Bate-Papo Jéssyca Cavalcanti

Ela nunca passa despercebida por lugar algum. Isso é unanimidade entre familiares e amigos. Nascida em 23 de dezembro de 1977, professora formada em história e atual gestora de uma das maiores escolas de Santa Cruz do Capibaribe. O bate-papo da ultima semana recebeu Jéssyca Monica de Lima Cavalcante.

Infância

Uma das três filhas de Dona Maria Anunciada (D.Nininha) com Manoel Xavier de Lima, Jéssyca é considerada pelo pai a que deu mais trabalho.

“Eu posso dizer que fui uma ‘maloqueira’. Gostava de ficar na rua brincando com os meninos, bola de gude, pião... Jogava até melhor que muitos meninos e brigava muito também. E meu pai teve uma participação muito grande nessa criação, criou numa pespectiva não sexista. Isso foi fundamental”, diz.

Brincadeira de criança – Ela conta que uma das práticas do pai era atirar com revolver de fogo, e ensinava também as filhas. “Ele nos levava para um local vago. Nas antigas fábricas, onde hoje se instala a Rota do Mar, e ficava atirando. Numa dessas loucuras o tiro saiu errado e pegou, de raspão no meu pescoço. Nunca mais ele atirou na nossa frente”, relembra.


Menina precoce – Empreendedora e motorista

Aos sete anos ele fez o pai lhe comprar um carrinho de vender algodão doce e logo em seguida para fazer sorvete. Também aprendendo a dirigir cedo, aos 12 anos já se aventurava nas estradas.

Gretchen mirim - “Teve um circo que apareceu na cidade que ficou durante três semanas, e eu fiquei louca. Ganhava dinheiro quem dançasse. Lembro que imitei Gretchen com uma saia e um bustiê amarelos. E fui vencedora do concurso”, fala.

Estudo

É difícil imaginar, mas a hoje professora formada, não gostava de estudar quando criança. Ela revela que era preguiçosa, mas com a descoberta dos livros, muito mudou. “Tinha preguiça de ir, para o colégio, no ensino fundamental. Mas no ensino médio tive um estalo me apaixonei por história e pela leitura”, pontua.

Ensino fundamental e médio foi concluído integralmente no Colégio Menino Jesus, de onde lembra os amigos e colegas da época.

“Era o famoso Instituto José Vieira de Araújo. E interessante que como foi todo esse tempo uma turma boa de cerca de 20 pessoas seguiram até a conclusão. Tinha a Maria Izabel, filha de Abel das bebidas e Douglas... gente boa”, diz.


Ensino superior e dificuldades

Ela ainda é formada em História pela FAFICA e pós-graduada em Psicopedagogia e Sociologia.  Como muito em sua vida, o primeiro casamento e filho também aconteceram
precocemente. Durante os estudos, com 16 anos.

“Casei aos 16 anos, quando estava no 2º ano do ensino médio. No término do 3º ensino prestei vestibular em Direito na ASCES e História na FAFICA. Lembro que quando fiz as provas já estava grávida”, conta acrescentando que as dificuldades foram maiores, pois tinha que trabalhar o dia inteiro e a noite pegar a estrada por 60km para realizar seu sonho.

Trabalhos antes da sala de aula

Desde a juventude ajudou a mãe na costura e no período universitário, com contive de amigo, foi vender veículos de forma externa.

“Foi um momento difícil, por que eu não costumava sair de casa e minha função era ir além dos locais, fazer levantamento dos caminhões, etc. Foi uma aprendizagem e tanto, mas muito traumatizante tendo que, às vezes, sair de casa a noite para o Sertão, sem pneu de estepe que era muito desorganizada, com todo perigo que existe e chegar lá e as pessoas não respeitar como profissional. Querem se aproveitar... Mas era uma boa vendedora, consegui vender bem”, relembra.

Em sala de aula

Destemida, Jéssyca tem uma história ligada aos movimentos de classe, ao lado de professores e amigos de sindicato como Conceição, Luciano França, Luciene, Yale e tantos outros, se meteu em inúmeras brigas por melhorias nas qualidades de trabalho e direitos dos professores de Santa Cruz. Com o seu estilo próprio também foi vítima de preconceito e aprendeu a realidade dura de uma escola pública no seu dia-a-dia, com os próprios alunos.

“No ultimo ano de gestão de Ernando Silvestre (prefeito), em 1999, ele me fez um convite e fui dar aula no horário intermediário de 11h às 15h, no Santo Agostinho. Lembro que na minha inocência levei para sala de aula a música ‘Aquarela de Toquinho’ e um dos alunos disse ‘professora. Esse não é o nosso som. O nosso é esse’. E colocou ‘Um homem na estrada, dos Racionais’. Foi essa turma que me ensinou a gostar dos Racionais”, revela.

Na rede pública, vários confrontos com o então prefeito José Augusto Maia e principalmente com a secretaria de educação do município, à época, Socorro Maia.

Jéssyca conta que um café da manhã, na Escola Lindalva Aragão de Lyra, era o espaço também para organização da classe nas reivindicações. “Logo o encontro foi proibido pela secretária e separados os professores”, conta.

“Foi um tempo de perseguição mesmo. Prestei e passei no concurso público e disseram que eu não havia passado. Houve vários bate-bocas, eram muito truculentos, quase saia agressão, foi fácil não”, diz.


Maloqueira e destrambelhada

Gestora da Escola Dr.Adilson de Souza desde 11 de outubro 2005, ouviu da diretora da GRE, representante do Estado, que não tinha postura de gestora. “Ela disse que não cabia mais usar piercing como gestora”.

Conhecida por não ter uma boa coordenação motora e levar alguns tombos, Jéssyca brinca com a situação e relembra fato na escadaria da GRE. “Aconteceu na escada de lá também. Tenho problema de coordenação e tive alguns baques na campanha. Sou muito desorganizada”, diz aos risos.


Política

A primeira experiência nas urnas veio em 2012. Convidada pelo prefeito Edson Vieira (PSDB) a professora foi para a disputa, com pouca estrutura e organização. No embalo da inexperiência chorou muito e conseguiu 827 votos, três a menos do que precisa para ser eleita e ficando na primeira suplência.

De perto - “Meu pai sempre foi boca-preta legítimo. E segui os passos dele quando colocava o seu próprio carro para ser palanque perto da rodoviária” Relembra.

Na eleição em 2004, participou ainda do processo de pré-campanha, apoiando Zé Cueca. No fim, o candidato do grupo foi Dr. Nanau que perdeu para José Augusto Maia. “Lembro que houve até pesquisa, e o candidato foi Nanau. Fomos ás ruas, acompanhando mais de perto, ao lado de Zé Nelson Negão, Mário Melo, Dimas Dantas...”

Ela nasceu – Jéssyca costuma dizer que Edson Vieira ‘lhe pariu politicamente’. Não é para menos, foi o próprio que insistiu para que a mesma disputasse uma vaga no legislativo do município. “Foi numa festa do dias das mães, em 2011. Ele vendo a quantidade de pessoas na escola me disse que seria candidata. Eu tive um susto, por que nunca tinha pensado nisso”, diz.

Nas ruas – “Eu tive cinco cavaletes nas ruas e duas pessoas trabalhando. E o rolo compressor de uma campanha eleitoral é muito pesado. É frustrante por que não se consegue fazer muita coisa. Existe também a falta de lealdade em tudo isso”, diz resignada.

O amadorismo pela falta de experiência, na campanha também é lembrado. “O financeiro foi crucial no dia da eleição. As pessoas me ligavam para saber o número por que não tinha as ‘benditas praguinhas’ no dia decisivo. Nunca vou esquecer, 10 mil praguinhas eram R$ 640,00”, conta.


Jogo rápido

Sindicato dos professores – Aprendizagem

Socorro Maia - Esquecimento

Ernesto Maia - ... (Ave Maria, deixa eu ver...)

Zé Augusto - Decadência

Edson Vieira – Meu maior líder

Diogo Moraes – O legítimo representante do Polo de Confecções

Escola Dr. Adilson Bezerra – Minha Casa

Itamar – Meu Amor

Luka e Letícia – Um amor que dói

Santa Cruz do Capibaribe – Minha terra que eu amo

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