segunda-feira, 24 de agosto de 2015


Bate Papo Hildo Teixeira

O inconfundível “Vai começar tudo de novo” a cada eleição em Santa Cruz do Capibaribe tem dono: José Hildo Teixeira Belo. Cantor, compositor, radialista e apresentador, Hildo trouxe no bate-papo Direto ao Ponto, da ultima quarta-feira (19), muitas de suas histórias de vida, que você acompanha nas próximas linhas.

Infância

Nascido em 3 de maio 1966, no sítio Pau Ferro, Hildo foi o único filho homem do casal Josefa Teixeira Belo e Jurandir Alves Teixeira, e foi criado com os avós Liliosa e Henrique Alves. Muita gente confunde seu local de nascimento e ele explica logo o motivo. “Eu falo Capoeiras por que existem documentos de lá. Na verdade nasci no Sítio Pau Ferro e dentro do sítio corre o Rio Riachão. Uma parte do terreno fica em Pesqueira, do outro São Bento e Capoeiras”, diz.
Trabalho chegou cedo - “Com 10 anos já tirava leite, fazia queijo, vendia nas feiras...”, conta.

Dos primeiros trabalhos, Hildo se lembra do comercio em Pesqueira, onde nas terças e quartas-feiras cortava charque e ensacava açúcar. “Trabalhei primeiro com Seu Casaquinha e depois com Geraldo, filho dele”.

Menino precoce

O gosto pelo rádio e pelo microfone apareceu logo cedo. Ouvindo Arnaldo Marques, Oaulo Junior, Antônio Marcos, Saulo Gomes, Elias Lourenço e tantos outros o pequeno Teixeira foi pegando cada vez mais gosto pelas ondas sonoras vindo daquele objeto. “Eu não sou velho, mas ainda peguei novela no rádio”, brinca.

Aos 12 anos começou a falar no microfone. Como ele mesmo diz, ‘moleque enxerido’. “Hoje tenho raiva, quando chega um moleque e fica ‘alô, alô’, mas comecei assim. Logo num comício. Foi numa calçada ao lado da igreja um carro de som próximo, sem muita estrutura e comecei a gritar ‘vem ai o bom velhinho’”, conta acrescentando que à época existia forte propaganda associando ao Frei Damião, chamado de bom velhinho, e o candidato, dono do comício, era João Cleofas já em idade avançada e cabelos brancos. “Meu avo era bem entrosado, era cabo eleitoral dessa turma e as pessoas começaram a me chamar de ‘o filho de Anrique’ (Henrique)”.

Aos poucos, o jovem ia galgando seu caminho e buscando espaços, apresentando shows e cantando forró. “Veio tudo junto. Não tenho como desvincular e saber o que foi primeiro”, diz.

Com a dupla de aboiadores Vavá Machado e Marcolino, fazia as festas da região, numa Rural, num carro de som da Cachaça Mucuri. Foram os primeiros passos para apresentação de artistas com renome nacional como Sergio Reis e o Rei do Baião Luiz Gonzaga.

Tempos de Exército

Aos 18 anos, por influência de um tio tenente do exército, o recém-maior de idade Hildo Teixeira ingressou nas forças armadas, em Garanhuns. “Achava muito bonita a farda e as histórias que ele me contava e disse que queria também”, recorda.

Hildo conta que o curso com recrutas tinha 90 dias de duração e iniciou com 75 homens. “Os primeiros 30 dias foi uma ralação danada, e ao fim dessa primeira etapa perguntaram quem queria sair e muitos saíram, mas eu fiquei. Passado mais de 60 dias aconteceu o mesmo, perguntaram quem queria sair e eu saí”, lembra.

O erro – Após a saída ele conta que os 29 homens que permaneceram foram para uma sala de aula, apenas com aulas teóricas e logo foram promovidos. “Eram 49 vagas e terminou com apenas 29. Fiquei sabendo depois que aqueles 29 passaram de cabo para sargento e eu tinha saído. Foi um erro meu, mas é quando tem que ser”.

Histórias no rádio

No início de carreira, Hildo perdeu uma vaga para um dos principais âncoras do rádio Santa-cruzense hoje. Ainda jovem, não sabia quem era o outro garoto chamado Sílvio José...

“No final da seletiva chegou Arnóbio Marques e disse que tinham três que poderiam ser aproveitados, no entanto só existia uma vaga e Sílvio com um vozeirão danado, contava muito. Uns 15 dias depois ele já estava fazendo um programa lá”, recorda. 

Em Belo Jardim - Apresentando eventos em Pesqueira, foi visto por Mendocinha que percebendo a desenvoltura do rapaz, lhe fez a indicação para rádio Bituri de Belo Jardim, onde apresentou entre outras coisas, forró e programa policial.

No policial... – Foi onde pagou um mico, como todo bom profissional. O informativo era o ‘janela aberta’, apresentado por João Torres, gerente da Rádio. E era líder de audiência no horário. Hildo foi verificar uma ocorrência, onde uma pessoa havia sido morta. E ao vivo para trazer a informação soltou a seguinte pérola “O cadáver está morto”.

Em Santa Cruz do Capibaribe

Trabalhando em campanhas do deputado Mendonça Filho chegou à terra Santa, na eleição de 1988. A disputa em Santa Cruz do Capibaribe era entre Oseas Moraes e Ernando Silvestre, tendo o segundo como vencedor.

Ainda com o cabelo encaracolado, Hildo era a novidade que tinha como peças principais, na função, Gogo de Ouro e Ronaldo Pacas. “Cheguei naquela campanha. Zé Mendonça colocava a gente pra puxar as passeatas”, recorda.

Com pouco tempo foi efetivado na Rádio Vale do Capibaribe, onde trabalha até os dias atuais. “Houve um problema com compadre Neto e surgiu uma oportunidade de 90 dias. Eu já fazia quase tudo no rádio e em 1 de janeiro de 1989 fui registrado”, conta acrescentando que à época a rádio tinha a direção de Colares.

O nascimento do bordão - O ‘Vai começar tudo de novo’ é marca garantida no histórico político de Santa Cruz e surgiu de repente após um simples atraso. “Teve um tempo que fazia 90 dias de comício e após isso ainda tinha as passeatas. Teve um dia que ficamos até às 4 da manhã e às 10h tinha uma feijoada no Santo Agostinho. Eu peguei no sono dentro do Bocão (carro das campanhas) e Rita e Alda chegaram gritando ‘bora, bora’... E foi quando eu abri e disse ‘Vaaaaai começar tuuuuuudo de novo’. O povo se animou e eu percebi, que encontrei o caminho”, conta.

Vida de forrozeiro

Amante do ‘forró autentico’, Hildo Teixeira começou a cantar jovem em pequenos eventos. E é criador do ‘Arraial da Vale’, uma das festas mais populares da região e que se aproxima dos 20 anos de existência.

Cantou na banda Sabor de Mel, pertencente ao hoje vereador Ronaldo Pacas. (Tinha como companheiro Nilton Lima) e também com vira copos, dos catanhas.

Participou dos LP´s: Canta Nordeste, Haja Coração e Mistura perfeita. Alguns forrozeiros fazem parte dessa história, como Jorge Andrade, Toinho Catanha, Dedé Sanfoneiro, Carlos Piaba, Nenem Chagas, Messias Barros, entre tantos outros.

Após a trágica morte de Dedé sanfoneiro, Hildo se afastou dos palcos. “Até tentamos com outro sanfoneiro, depois morreu também e deixamos para lá”, conta resignado.

História do Arraial da Vale
“Não tenho conhecimento, no Nordeste de algo semelhante”, diz orgulhoso, ao que chama de ‘sua alegria’.  Iniciado em 4 de janeiro de 1997, primeiro sábado do ano, o evento leva forró e animação por bairros, comunidades, distritos e sítios da cidade e região, sendo levado até para o município do Rei do Baião Luiz Gonzaga, cidade de Exu.

“O primeiro foi no Lula do ‘Chique Chique bar’. Tinha o ‘Vaqueiro na Fazenda’ de Natálio Arruda que eu já acompanhava. Mas ele perdeu a eleição e ficou desgostoso. Eu fazia o forró na Vale, na Avenida Padre Zuzinha e dava muita gente. Decidimos fazer em frente da rádio embaixo de uma rádio, deu certo e como Natálio tava acabando com os eventos decidimos ir para os bares da cidade. Já fiz em Barra de São Miguel, Riacho de Santo Antonio, Exu, entre outros”, conta.

Futebol
No início da década de 90, a rádio Vale realizou grandes coberturas futebolísticas por todo o país, e Teixeira formava a equipe de trabalho ao lado de profissionais como Antônio Carlos, Mauricio Sobrinho, José Leite, Jonas Torres, José Bezerra e tantos outros. “Fiz jogos mo Rio, São Paulo, Paraná , Rio Grande de Sul... apenas não fiz no Espírito Santo e Santa Catarina. E aqui, no Nordeste inteiro”, diz orgulhoso.

O jogoEm 16 de dezembro de 1992, Hildo Teixeira cobriu a partida entra Brasil e Alemanha, no Estádio do Beira Rio, sendo o repórter a sair de mais longe de onde acontecia a partida, dentro do país. Por isso recebeu uma medalha dos organizadores do evento e foi escolhido para fazer uma pergunta a um ilustre craque do futebol mundial.

“Foi uma doideira. Era o aniversário da RBS (Organizadora do evento) e muita gente ganhou medalha e troféu. E ganhei por ser o repórter de campo mais distante. E vou passando orgulhoso, com a medalha e o crachá pela ala de imprensa e vejo Parreira e Bebeto, da seleção Brasileira e Lothar Matthäus, que estava sendo homenageado também, pela Alemanha. E surgi meu nome no telão em cima: ‘Hildo Teixeira, rádio Capibaribe Pernambuco’, o repórter da Sociedade da Bahia me empurra e diz ‘vai é tu’... e fiz a pergunta. ‘Quarta Copa do Mundo... Como é disputar a quarta Copa do Mundo, Lothar Matthäus?”, imaginando que teria alguém para traduzir ao jogador. “Não tinha é problema dele” completa aos risos.

A partida foi finalizada com o placar de 3 a 1 para a equipe canarinha.

Jogo rápido

Arraial da Vale – Minha alegria
Rádio Vale do Capibaribe – Minha força 
Dede Sanfoneiro – Meu irmão que se foi 
Neidinha de Dedé –Minha irmazona 
Ronaldo Pacas – Outro irmão 
Egídio Amorim - Mais um irmão 
Antônio Carlos ‘Toin Sulanca’ – meu grande conselheiro e compadre 
José Augusto – Capitão de um time que está desentrosado 
Dimas Dantas – Político dúbio 
Família Mendonça - Honrada acima de tudo e de palavra 
Ernando Silvestre – Um marruá adormecido 
Digo Moraes – Político de um presente e futuro tranquilo
Edson Vieira – Administrador futurista 
Augustinho Rufino – Exemplo de homem público a ser seguido 
Santa Cruz do Capibaribe – Minha covinha... onde vou me enterrar, minha mãezona.  



Um comentário:

  1. Boa tarde, sou pesquisador de compactos e lps de forró.
    procuro um disco de Hildo Teixeira q contém um forró cujo o côro de mulheres canta "é assim.. É assim".
    Se alguem souber de algo em contatem
    Email sussa1987@gmail.com

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