Bate-papo Galego de Mourinha
José Moura filho, ou simplesmente Galego de Mourinha, nasceu
em 2 de julho de 1958, em Santa Cruz do Capibaribe. É um dos cinco filhos do
casal José Moura irmão e Maria Julia da Silva. Filho de político, foi
balconista de farmácia, caminhoneiro, teve o sonho de fazer medicina... Hoje
comerciante no ramo têxtil, vereador de quinto mandato e faz um som no violão
nas horas vagas, foi o convidado do “Bate Papo Direto ao Ponto”, da última
quarta-feira (20).
Infância
Antes de ser o comerciante bem sucedido e político de
expressão no município, Galego foi uma criança ‘levada’, um adolescente
namorador e um jovem audacioso. Segundo filho mais velho de ‘Seu Mourinha’, é
considerado por unanimidade, entre as irmãs, como ‘o que deu mais trabalho’.
Sua infância foi praticamente na Zona Rural, antes de
completar a quarta série do ensino médio e mudar-se para a cidade onde
completaria os estudos. “Minha infância foi no distrito do Pará, como toda
criança gostaria de ter. Brincando com boneco de barro, cavalo de pau... Num
sítio de uma pequena vila, livre, como toda criança gosta”, conta. “Quando vejo
alguma foto de como era a feira, da vila como um todo, sinto saudade e alegria
de ter passado e vivido o que vivi”.
Menino travesso - Dos irmãos, o mais danado. Aprontava com
as irmãs e amigos. Entre as travessuras do pequeno Galego, ele amarrava as
irmãs com linhas. “Minhas irmãs são bem mais novas que, quando elas ficavam
aperreando de mais eu as amarrava, mandava enxugar gelo, colocava uma num canto
e outra em outro”, conta rindo.
Garoto esperto - Galego tinha a mania de tomar água, sempre
num copo grande de inox, preferido de uma das irmãs que tinha grande ciúme pelo
objeto. Ela para acabar com a mania, colocou pimenta no copo, e ele esperto, no
dia suspeitou e não usou. “Ela ficou se insinuando muito com o copo. Não vai
tomar água hoje, dizia, e desconfiei”, relembra.
Realidade na cidade
Em 1972, Galego deixa o distrito de Pará rumo a Santa Cruz
do Capibaribe com intuito de continuar nos estudos, uma vez que na Zona Rural
não tinha além da 4ª série do ensino fundamental. Tempo de muita diversão e
trabalho no Rio Capibaribe, carregando água, e dificuldades financeiras ‘para
conquistar as meninas no colegial’.
“Naquele tempo era dureza. Pra ter uma idéia só tomava
refrigerante numa eventualidade, um aniversário, raramente num fim de semana e
olhe lá”, diz.
“Ostentação”- Com pouco dinheiro na escola, às vezes não
tinha nem para comprar ‘bala’. À época, mascar chicletes ou balas já era um diferencial
e representava um ‘status’ entre os colegas. Galego encontrava sem jeito. Às
vezes com botões... “Eu colocava botões na boca para fazer que estava chupando
bala. Mas foi o tempo que já cheguei a ficar interessado por dinheiro, por que
as meninas olhavam mesmo para os rapazes que mascavam chiclete, tinham sempre
balas. Então comecei a me interessar, trabalhava no negócio do meu pai, passei
jogo do bicho, entre outras coisas”, relembra.
Em Santa Cruz, o Rio Capibaribe era o espaço de diversão e
também de muito trabalho. “Quando completei a quarta série na vila do Pará, vim
para Santa Cruz. Meu irmão já tinha vindo um ano antes e ficamos na casa de uma
tia, na Rua do Pátio, e carregávamos muita água mesmo. Tinha um rapaz que
perguntava se estávamos colocando água no esgoto, não entendia por que
carregava tanto”, brinca e completa “a gente torcia para que fosse feita uma
encanação”. Quando não queriam pegar água, soltava a carroça na ladeira abaixo,
quebrada, o trabalho de carregador estaria encerrado naquele dia.
Sonho frustrado
Quando concluiu o ensino médio, e seguiu para o Recife onde
prestou vestibular por duas vezes na busca do sonho: Medicina. “Naquela época,
minha única vontade era ser médico, não pensava em outra atividade”, diz.
O pai, amigo da família Neves, tradicional em farmácia no
município, lhe conseguiu um emprego de balconista no estabelecimento, onde
atendia e aplicava até injeções. Sem modéstia alguma garante que era bom no que
fazia, o conheciam como “mão de seda”. “Quando se aprende a fazer algo, a gente
não esquece. É igual andar de bicicleta. Eu cheguei a aplicar 100 injeções por
dia, me chamavam de mão de ceda. Modéstia à parte, eu fazia bem meu trabalho”,
conta orgulhoso.
O vestibular para medicina não conseguiu, poderia, com a
nota, ter seguido outra carreira, mas não quis. “Talvez fosse hoje um
odontologista, mas iria ser triste no que estava fazendo. Escolhi não fazer”,
conta
Apostas, namoros e casamento às 5h da manhã
Atualmente casado e pai de quatro filhos, Galego teve fama
de namorador quando jovem. Nas festas chegava a apostar com amigos, que
conseguiu ficar com mais garotas. “A gente apostava mesmo, quem saía com duas
namoradas na mesma festa. Mas era coisa leve, apostava refrigerantes. Eu ganhei
alguns bons refrigerantes”, conta às gargalhadas.
Com dona Joseluce, esposa, o amor é antigo. Desde crianças
os amigos já imaginavam o futuro de ambos. Entre encontro e desencontros que a
vida lhe proporcionou, casaram-se em 1981 na igreja Matriz de Santa Cruz do
Capibaribe.
Dois detalhes: Às 5 horas da manhã e com a lua de mel na
casa de uma tia, da esposa, que morava na Vila do Pará. “Naquele tempo não
tinha motel aqui. Só em Caruaru. E também não tinha condições para isso. Fomos
para o Pará. Quando chegamos na fazenda do meu avô, encontramos um tio com um
amigo bêbado. Tivemos que ir para casa de uma tia dela, que era surda. Bom que
ela não ouviu nada”, brinca.
Minha vida é andar por esse país...
Com o pensamento de conquistar uma melhor condição de vida,
também aventurou para São Paulo. Na cidade grande não demorou muito tempo e no
segundo dia já voltou para terra natal.
As viagens para o sudeste do país, no entanto, não cessaram.
Com o irmão caminhoneiro seguia como auxiliar e depois com o próprio caminhão
se apaixonou pela estrada e pelo veículo. “Acho o caminhão muito bonito, admiro
muito. Nesse tempo não ganhava dinheiro, mas achava o máximo”, diz.
O saldo, no entanto, não foi positivo. Teve um veículo
roubado e outro que virou na estrada, nas mãos de outros motoristas. De ambos
os casos ele recorda perfeitamente as cidades, as formas e placas. “O que virou
na estrada, tinha a placa 3366. Quando me ligaram pensei até que era trote. Ele
era muito bonito e foi um grande prejuízo”, conta.
Ingresso na política - De pai para filho
Jose Moura Irmão, pai do vereador, também foi político. Mas
num período em que legislador municipal não recebia remuneração pelo trabalho.
Foi vereador por dois mandatos e candidato a vice-prefeito de Gaudêncio Feitosa
em eleição contra o Padre Zuzinha.
“De quando criança entregava material de campanha do meu
pai, pedir votos. E o meu avô era do outro partido. Meu avô era boca-preta e eu
pedia para que ele votasse em papai. Acho até que nem tenha votado...”, diz.
1982 - Primeira vitória - Quando foi para primeira disputa
no ano de 1982, conta que acreditava já estar eleito e não pedia votos.
Conseguiu a vitória para o mandato de seis anos. “Achava mesmo que já estava
eleito e não pedia voto. Tive 509 votos, tenho o diploma até hoje. Maior
orgulho dele”, diz.
1988 - Primeira derrota - “Essa eu já gastei o salário que
recebia, pedi votos, fui à rua. Tive mais votos que na primeira e fiquei na
suplência. Perdi por 18 votos, apenas, para Hideraldo. Como era uma contagem na
mão, com cédulas de papel, depois disseram que me tiraram alguns votos”,
suspeita.
A derrota, o trabalho e questões pessoais, lhe afastaram das
disputas eleitorais de forma direta. Galego não participou dos pleitos de 92 e
96, ressurgindo apenas no ano 2000, com nova vitória.
2000 – Vitória de José Augusto Maia para prefeito e eleito
vereador. O mais votado da coligação e perdendo, no geral, apenas para Dr.Nanau
que fazia parte do grupo adversário.
2004 – É reeleito, sendo novamente o mais bem votado do
grupo e perdendo no geral apenas para Edson Vieira. Nessa legislatura foi
vice-presidente da Câmara. A presidente era Nailza Ramos.
2008 – Não consegue a recondução do mandato. Fica na
primeira suplência e assume o cargo de Secretário de Obras do governo Toinho do
Pará. Em 2010, com a vitória de Diogo Moraes reassume o posto na Casa José
Vieira de Araújo.
2012 – Com 1.524 votos consegue a vaga pela quinta vez na
história.
2014 – Apoia, em conjunto com vereadores taboquinhas, a
candidatura do colega Ernesto Maia para deputado estadual e racha com o
ex-deputado federal José Augusto Maia que apoiou, dentro do mesmo grupo, o nome
de Toinho do Pará para o posto de legislador estadual.
Jogo rápido
Padre Zuzinha – Grande Líder
Aragãzinho – Pessoa maravilhosa
Dimas Dantas – Muito inteligente
José Augusto – Um grande líder
Augustinho Rufino – Grande político
Ernesto Maia – Super inteligente
Carlinhos da Cohab – Menino novo. Tá mostrando grande
trabalho
Toinho do Pará – Grande político
Edson Vieira – O líder dos bocas-pretas
Galego de Mourinha – Uma pessoa que está de braços aberto
para abraçar Santa Cruz do Capibaribe
Santa Cruz do Capibaribe – Minha terra. Minha felicidade. O
amor da minha vida
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