segunda-feira, 4 de maio de 2015


Bate papo Zezin Buxin

De origem humilde da Zona Rural de Santa Cruz do Capibaribe, atualmente um dos 17 vereadores do município, Jose Manoel De Lima, popularmente conhecido por ‘ZezinBuxin’, foi o convidado da semana para o bate-papo Direto ao Ponto, que foi pra lá de descontraído.

Filho mais velho de oito irmãos do casal Manuel Rosa de Lima (Manuel de Dandinha) e Maria Francisca da Conceição, já foi comerciante, motorista, é apaixonado por rádio, música e poesia. Versátil, costuma tocar alguns instrumentos musicais nas horas vagas, tendo sido, inclusive, componente de banda de forró.

Conheça um pouco mais da vida do vereador, em suas boas histórias que a vida repleta de amigos lhe proporcionou.

Tempos de crise

Zezin nasceu em 21 de março de 1960. Contudo, só foi registrado meses depois e de forma errada. Em seus documentos, conta 21 de março de 1959. A infância foi, em sua maioria, na Zona Rural do Município, mais precisamente no Sítio Porteiras, passou por períodos difíceis, mas que superou com os esforços do pai.
 
“Minha infância foi de muita dificuldade. Uma pobreza danada. Não cheguei a passar fome, mas muitas dificuldades, sim. A comida na medida certa, minha mãe sempre alertava que não podíamos repetir o prato, por que a comida não dava. Mas não chegamos a passar fome por que meus pais sempre tiveram muito cuidado na questão da família”, relatou.

Quando pouco é muito

A origem simples é facilmente identificada nas palavras e gestos do vereador. A forma como trata as pessoas e percebe o mundo vem de longas datas, e remete a um período em que um carrinho quebrado e sem rodas, consegue ser o presente mais valioso.

Numa festa em que acompanhou os pais, o pequeno Zezin causou grande preocupação, após ‘desaparecer’. A criança havia encontrado um brinquedo, e divertia-se num local afastado.

“Foi na Fazenda Mutuca. Tinham umas vaquejadas e forró, e encontrei um jipinho de metal. Estava lá sem rodas, quebrado e eu já doido pra dirigir, fiquei com ele brincando. Para que outros meninos não vissem e quisesse brincar também eu me escondi por trás de um caminhão” conta.
Nessa fase, a maioria dos seus brinquedos fazia referencias a automóveis. Como não tinha dinheiro para comprar, eram feitos com latinha de sardinha.

“Eu fiquei muito animado com o jipinho. Tanto que esqueci a festa e brinquei a noite inteira. Muito feliz já que não tive o privilégio de ter brinquedos assim”, relata.

Trabalho pesado, os estudos, amizades reais, a bodega e os “trambiques” 

Acostumado a trabalhar desde cedo, Zezin estudou até a 4º série do ensino fundamental na Zona Rural. Para ir além, precisava mudar para cidade onde estudou no antigo “31 de Março”, atual Escola Padre Zuzinha. Para se manter quando também morou na casa de amigos, por bom tempo.

“Fiquei uns tempos na casa do pai de Jairo Gomes. Eu comecei a trabalhar vendendo doce e depois fui quebrar pedra, fazendo brita. Pegava no pesado num tempo em que a Avenida 29 de dezembro não tinha quase nada. Isso tudo aliado ao estudo”, relembra.

Após esse período, seu tio ‘Zé de Dandinha’, que tinha um bodega na Rua 4, lhe chamou para trabalhar no negócio. “Depois não deu mais para conciliar horário de trabalho e aula, ai vieram os namoros, casamento e não continuei os estudos”, conta.

A conta não fecha – No período em tomava conta da bodega do tio, um cliente era certo. Seu apelido, Cravo Branco. Exímio bebedor de vinho ‘Jurubeba’. Malandro tentava sempre levar vantagem com algumas doses extras. Não contava ele, que o pequeno Zezin já sabia como responder... Amigos da época, contam que Zezin ‘aproveitando da embriaguez’ do cliente cobrava além do pedido. O nosso convidado tem outra versão.

“Todo cliente era na caderneta. E Cravo Branco era muito sabido e tentava me enrolar, dizia ‘olhe, vou receber minha aposentadoria e coloque uma dose por conta da casa’ e depois chegava avisando que ia pagar e mandava colocar outra por conta da casa, outra hora, chegava realmente pagando e pedia outra por conta da casa. Então ele pensava que eu não anotava as outras, ele era muito mala”, conta aos risos.

“Tinha uma coisa interessante nele. Todo dia ganhava no jogo do bicho. Ele jogava em todos os bichos e acabava perdendo mais do que ganhando”, falou.

Amizades sinceras – A bodega ficava na Rua 4. Desta época Zezin guarda recordações e amigos que duram até os dias atuais. “São pessoas que tenho como irmãos, que me consideram e também tenho o mesmo sentimento. Amizades de muitos anos e enquanto tivermos vida ela vai prevalecer”, diz. Entre esses estão os irmãos, Liço, Baíca e Brecha, com que também trabalhou por muito tempo, netos de Cravo Branco. 

De José Manoel de Lima para Zezin Buxin, ou Zé Buchada, ou Zé Bombinha...

Poucas pessoas conhecem o vereador José Manoel de Lima, no entanto ‘Zezin Buxin’ foi eleito o mais bem votado no ultimo pleito, em 2012. Sua marca registrada surgiu num ‘carão’ de um amigo.

“O apelido Buxin foi Liço. Trabalhávamos juntos e certa vez descarregando uns ferros eu me distraí quando ele me entregava. E ele olhou pra mim e disse ‘pega esse ferro Zé Buxin’. Os colegas viram, acharam engraçado, e se popularizou”, conta afirmando que gosta do apelido.

Alguns ainda tentaram chamar de ‘Zé Buchada’, mas não deram prosseguimento e não vingou. E ainda outro amigo insiste no ‘Zé Bombinha’, que ninguém sabe de onde surgiu. “Só Baíca me chama assim. Mas acho que nem ele sabe o motivo, vou perguntar por que”, diz.

O tocador: ‘A vida de artista’

Filho mais velho de 8 irmãos, para muitos Zezin é a cópia fiel do seu pai, em postura, conduta e é visto como um conselheiro dos irmãos. Herdou do mesmo também, o gosto pelo forró. Zezin toca sanfona, triângulo, zabumba, teclado entre outros instrumentos.

Entre uma brincadeira e outra, fez parte de trio e banda entre amigos. “Sanfona eu fazia barulho, o povo achava que eu sabia tocar, eu acreditava e continuava”, fala com o bom humor que lhe é peculiar.

Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come – Zezin conta que ainda muito jovem tocou num trio de forró. No período era determinantemente proibido as moças se recusarem a dançar, uma vez que os cavalheiros pagavam ‘cotas’ para isso. Para problematizar um forró, uma das moças recusou convite de um velho. E a confusão foi geral. O homem revoltado deu a ordem. “Pára se não eu rasgo esse fole”. Zezin parou. Por outro lado, outro homem contra-argumentou. “Toca, se não eu rasgo esse fole”. Na dúvida Zezin correu.

“Eu deixei a sanfona, pulei a janela e fui embora e os componentes vieram atrás”, relembra.  “O pior é que depois a gente retornou e os dois velhos ficaram bebendo na mesma mesa”.

No ‘ramo musical’, Zezin também fez parte da banda ‘Casca e Nó’. Um pequeno grupo de amigos que se juntavam fins de semana para fazer as festinhas nos sítios da nossa Zona Rural. “Fazíamos uma zuada. Era muito divertido, mas o repertório era muito pequeno. Quando acabava a gente repetia tudo de novo”, conta rindo.

Goiás - Muitas viagens, feiras, praças e história pra contar

Durante os anos 80 e 90, Zezin foi motorista e comerciante no Estado de Goiás. Tempos de feiras em praças, incontáveis viagens, pouco tempo para dormir e infinitos causos curiosos com amigos.  Como o mais pequeno entre os amigos de viagem, Zezin era o único que dormia na boleia do veículo.

Era o motorista e vendedor, ao lado dos amigos Liço e Baíca. Com este ultimo, aprendeu também a fazer as locuções de divulgação das mercadorias. Com o amigo também aprontou muito. Inclusive, com um conjunto de freiras.

“Baíca era o locutor oficial do Lojão Capibaribe, como era chamado. E observando côo ele fazia, aprendi. Quando ele não estava, eu fazia também”, diz.  O amigo contou que Zezin observava apenas o microfone, sem noção de espaço logo estava completamente enrolado com os fios.

‘O pecado’ – Sujando as freiras  

Com destino a Mundo Novo, no interior de Goiás, num dia chuvoso o carro em que iam Zezin e seu amigo Baíca, atolou. Na mesma estrada também passava um fusca lotado de freiras que inevitavelmente também atolou. Os amigos arranjaram pedaços grandes de madeira para resolver o problema enquanto as freiras olhavam sem saber o que fazer. Baíca arretado com a situação, hora e outra, soltava um palavrão, para desespero das beatas que pediam calma, e que ele não repetisse. 

“Foi quando Baíca arquitetou. E disse pra gente soltar o pau na lama, para sujar todas. A gente soltou e foi lama para todo lado, mas ele que planejou eu só participei”, diz Zezin que não contem as gargalhadas. As freiras inocentemente ainda acreditaram que não foi de propósito.

A paixão pelo rádio

Durante as viagens era comum estar sintonizado em rádios de diversas partes do país. Essa paixão se intensificou ainda mais quando morou em São Paulo. Com um pequeno rádio de pilha, o equipamento só parava de funcionar no momento em que trocava as pilhas. 24h ligado. “Eu me acostumei a dormir com o rádio ligado”, conta. Na área esportiva gostava das narrações de Jorge Curi, mas ouvia de tudo.

Na parte musical, virou um verdadeiro fã do locutor Altieris Barbiero. Tanto, que um dos seus quatro filhos é uma homenagem ao mesmo. “Ouvia ‘A volta do sucesso’ toda tarde e falei que quando tivesse um filho faria essa homenagem. Como aconteceu. Não tem o Barbiero, mas é Altieres”, diz.

Ação social e entrada na política

Após os trabalhos como comerciante, Zezin começou a fazer suas viagens de Toyota para Campina Grande, principalmente, encaminhando necessitados para áreas de saúde, criando um laço forte com médicos especialistas em diferentes áreas.

Com o passar do tempo, os amigos lhe pressionaram a ingressar na política. “Até dentro da família começaram a dizer que eu seria candidato, mas inicialmente não queria”, diz.

O primeiro partido a se filiar foi o PHS, quando Zezin ainda nem entendia como funcionava os procedimentos. “Toinho e Agnaldo do Santa Agustinho, trouxeram o PHS para a cidade e queriam que me filiasse. Eu era tão inocente que acredita que só se filiava se fosse ser candidato”, fala. 
Em 2004 não teve como correr. A pressão da família e amigos falou mais alto, e Zezin foi para as urnas, disputando a vereança.

“Foi na convenção e me entregaram o microfone logo após Dimas terminar de falar. E eu fui bem sincero, tremia muito. E disse ‘ Me evolveram na política. Eu sou um matuto e estou tremendo, mas não é de frio e de nervosismo mesmo, não tenho mais o que falar’, muitos vaiaram outros riram”, conta bem humorado.

Foto ou desenho? - Com poucos recursos para fazer a campanha, era o próprio Zezin quem colava seu material de divulgação em postes na cidade. Conta que o material barato e os cartazes produzidos numa gráfica precária. O resultado foram fotos com pouca definição e mal feitos. “Eu já não tenho uma boa aparência e ficou parecendo o Seu Madruga”, lembra.

O candidato novato procurou postes em que tivesse a imagem do então candidato popular Edson Vieira.  E colou sua imagem abaixo do colega. “Um menino veio até mim e disse, ‘Eu vi lá no poste a foto de Edson e o seu desenho’”.
Em 2004 obteve 931 votos, ficando na primeira suplência. Durante a legislatura (2005-2008), houve um processo de cassação da então vereadora Zilda Moraes. Com o afastamento da parlamentar Zezin assumiu a vaga e não saiu mais. Zilda depois retornou, mas outra vaga ficou aberta com a eleição de Edson Vieira para Assembléia Legislativa do Estado, em 2006.

Com a crescente política rápida não demorou para que líderes da oposição lhe procurassem para que mudasse de lado partidário. Zezin, no entanto, permanece até hoje, no grupo denominado “Boca-preta”.

Em 2008 – Na sua segunda eleição, com reconhecimento popular recebeu 3.336 votos, sendo o segundo mais bem votado na eleição.

Em 2012– Após ter se cacifado nos pleitos anteriores é cotado e convidado para ser o candidato a vice de Edson Vieira. Não aceitou, reconhece que teve medo e diz que não se arrependeu.

“Entendia que não era o momento de sair da Câmara. Essa questão do medo aconteceu e é normal. Eu tinha uma eleição praticamente garantida. Não tinha certeza de ser o primeiro, mas o importante era chegar e acredita nisso, pelo trabalho que foi feito e tinha o receio de não ganhar como vice. Mas não me arrependo”, diz e completa “Entendo que deixei de dar um passo maior, mas estou satisfeito com a posição de hoje. E se fosse agora aceitaria”, finalizou.

Na disputa para vereador, diminuiu na votação em relação a 2008, mas conseguiu ser o mais votado da cidade, com 2.228 votos.

Destaque - No ano de 2012 recebeu um prêmio como o melhor vereador em 2012 pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Publicidade (EMBRAPP).

Ping pong

Ernando Silvestre – Foi uma estrela na política. Pessoa muito querida tem que reconhecer, mas se afastou.
José augusto Maia – Cara complicado
Ernesto Maia – Cara inteligente, mas falta pensar mais.
Carlinhos da COHAB  – Muito barulhento, as vezes faz uma estrategia injusta.
Fernando Aragão – Político sério, respeitado. As vezes se contradiz e isso é ruim para quem tem o perfil dele.
Dimas Dantas – Muito inteligente político experiente porem, muito difícil de entender-se com qualquer pessoa na política.
Edson Vieira – Muito inteligente. Tem pulso. Excelente articulador.
Santa Cruz do Capibaribe – Minha cidade, meu amor. Uma cidade que todos gostam, tanto que dos que vem conhecer, 70% ficam e fazem moradia. Cidade mãe.

Agradecimento – Aproveitando o momento, “o vereador poeta” elaborou um verso para o Programa.
“Programa politizado, feito com eficiência, por isso que o resultado é a sua permanência. Pra ficar bem informado continue nessa freqüência. Produzido com decência, pois com a G2 eu conto, Gilberto e Geraldo na gerencia, onde tudo fica pronto, campeão de audiência, Programa Direto ao Ponto”. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário