sábado, 26 de março de 2016

Bate Papo com Antônio Carlos

E o bate dessa semana recebeu Antônio Carlos Maia de Queiroz (59 anos), nascido em Águas Belas-PE no dia 23 de abril de 1956, mais conhecido por “Toinho Sulanca”. Filho de Clóvis Queiroz Sobrinho e Adalta Maia de Queiroz. Antonio Carlos tem nove irmãos, além de ser pai de quatros filhos: Franklin, Diego, Bárbara e Gabriel. É casado com Cida Campos.

Antonio Carlos já foi jogador e diretor do Ypiranga, trabalhou em diversas campanhas políticas da cidade e atualmente é radialista, onde apresenta os programas Estradas da Vida e o Forró das Antigas na Rádio Polo FM. Passou por várias rádios da cidade e algumas do sertão do Estado.

Infância

Nascido em Águas Belas-PE, Antônio Carlos se mudou rapidamente para Jataúba, foi até João Pessoa e depois passou por Recife em 1964, onde seu pai começou a trabalhar e foi preso na Ditadura Militar ainda no mesmo ano.
Em 1966, seus pais vieram para Santa Cruz do Capibaribe onde o seu pai conseguiu um emprego de assessor de Raymundo Aragão, prefeito a época.

Lembranças de criança – Antônio lembra que quando era criança, ele e seus irmãos sempre ganhavam no natal, brinquedos do tipo: aviões de plástico, carros e bonecos que era dados por seu pai na época natalina. “Na época nós não tínhamos um financeiro bom, e tudo era bem visto, nós ganhávamos carros e aviões de plásticos e era só alegria”, disse.

Prisão do seu pai – Trabalhando na CRC (Companhia de Revenda e Colonização), onde distribuía cestas básicas para os mais necessitados, e em 1964, ele é preso pela Ditadura Militar. “Meu pai foi preso em 1964 pela Ditadura Militar, e quando foi dois anos depois ele foi solto e voltamos para Santa Cruz do Capibaribe”, afirmou.

Santa Cruz do Capibaribe – questionado sobre como era a cidade na época em que ele chegou aqui, Antônio é bem enfático e relembra o cenário do Rio Capibaribe ainda limpo. 

“Era uma cidade pequena, com características minúsculas e não havia essa pujança de hoje, nós brincávamos na rua de barra bandeira, brincava de toca, e outras mais. Só que eu vivi um momento em que nenhum jovem viveu e terá a oportunidade de ver, que foi o Rio Capibaribe limpo, pegávamos água para mamãe lavar roupas e pratos”, relembrou.

A evolução da cidade – Não lembrando o ano, Antônio Carlos citou quando começou a aparecer, de fato, a Sulanca, e o seu apelido de “Sulanca” só pegou devido a presença de micoses: Pano Branco, que ele tinha. “Eu nem sabia o que era Sulanca, e aí quando Zuquinha me chamava desse nome, aí eu jogava bola com raiva e jogava demais, aí depois que eu terminava as partidas, aí eles me explicavam o que era Sulanca”, citou relembrando que pegou essa micose, no Rio Capibaribe, que após jogar bola, tomava banho naquele rio.

Estudos

Começando os seus estudos na Escola Luiz Alves, onde cursou o primário, com Dona Eziu Moraes, percussora de seu conhecimento, Antônio Carlos estudou lá por quatro anos. “Professora Eziu Moraes foi a percussora de todo o meu aprendizado, depois fiz admissão, que era um vestibular da época (Hoje ensino Médio) e entrei no Colegial, onde aprendi a cidadania, na Escola Cenecista com professores que me marcaram, a exemplo de José Leite, Glorinha, Valdemir, professor Toinho, e foi lá que aprendi as coisas da vida, minha sabedoria foi toda lá” disse.

Jogava muita bolinha de papel? – “Não, nós tínhamos medo de nossos pais, havia o respeito e o medo, e devido a isso eu sempre fui um aluno comedido e educado, e por isso me comportava na escola, era uma época difícil e minha mãe era asmática, e com o dia-a-dia nós aprendíamos cada vez mais”, relembra.

O início no futebol

Jogando nos juniores do Ypiranga, Antônio Carlos iniciou aos 16 anos no principal time da cidade, e após ter tido um sucesso rápido, ainda chegou a jogar no Santa Cruz de Recife e depois retornou à Santa Cruz do Capibaribe. 

“Joguei no Ypiranga, nem éramos profissionais na época e isso era o que nos dava alegria, aí depois, Zé Augusto e Pedro Maia, me levaram até o Recife onde fiz um teste no Santa Cruz e fiquei jogando um bom tempo lá com o nome de outra pessoa”, disse.

O preconceito de seu pai – “Ele dizia que quem era jogador naquela época, era ladrão, maconheiro e num prestava, mas hoje não, é uma celebridade que as vezes nem sabe assinar o nome”, cita.

O mungunzá – após os treinos, que ocorriam as cinco horas da manhã todos os dias, Toinho disse que Cabo Láu, que era treinador deles na época, fazia mungunzá pela manhã e eles comiam muito. “Nós treinávamos em um campo de barro, naquela época nem se compara com hoje, que todos os jogadores têm boas chuteiras, campo com grama e todo o equipamento necessário, e após os treinos, nós nos deliciávamos com o mungunzá, repondo as energias gasta diariamente”, frisou.

Histórias marcantes de sua carreira

1984, a fundação da Liga Desportiva Santa-cruzense

Principal fundador da Liga Desportiva Santa-cruzense na gestão do ex-prefeito Ernando Silvestre em 2000. Antônio Carlos disse que além de fundar a liga, unificou o campeonato dos Sítios, onde integrou os times dos sítios com os da cidade, evitando que alguns jogadores pudessem deixar os times para ir jogar com os times nos seus respectivos sítios. “A secretária Avanise me procurou e perguntou o que eu poderia fazer pelos esportes da zona rural, e eu tive essa ideia e criei as ligas rurais, onde unifiquei tudo e todos, foi muito bom”, disse ele.

“Vou fundar para ser campeão”

Antonio lembra que um Presidente de uma Liga Desportiva perguntou para que ele iria fundar esse campeonato, alegando que ele queria apenas criar para ter a participação garantida, e Toinho disse que fundaria e colocaria a seleção de Santa Cruz para ser campeão.

Começo no rádio

Antônio Carlos, que atualmente é mais conhecido por seus trabalhos em rádios na cidade, conta que iniciou a sua vida radiofônica em 1988, quando foi convidado para comentar partidas na resenha esportiva que a rádio acabara de implantar. “Eu era contador do escritório de meu pai, e Jota Oliveira me convidou para comentar partidas na rádio Vale AM, aí eu aceitei e comecei com os jogos do Ypiranga, os campeonatos amadores da cidade, e quando a gente menos esperava, já estava comentando em jogos nacionais e da seleção brasileira nas eliminatórias da Copa”, disse.

A dificuldade – Antônio Carlos relembra que na época, era muito precário o trabalho que eles exerciam, devido à falta de profissionalismo das grandes rádios que eram destaques pelo país. “Era muito precário o nosso trabalho daquela época, mas lembro bem, que conseguíamos recursos para as viagens e a melhor coisa era as farras e as bebidas que nós fazíamos nas andanças”, disse.

Brasil X Alemanha – A transmissão mais marcante de sua carreira foi quando teve a oportunidade de ir para Porto Alegre-RS, cobrir uma partida entre Brasil X Alemanha, onde segundo Antônio, a parte mais engraçada era a pronúncia dos nomes alemães. “Nós não sabíamos falar direito os nomes, foi na época em que era Muller, Beckenbauer e outras grandes estrelas do futebol mundial, e a grande chance nossa era aquela de conviver, por poucos minutos com grandes jogadores”, citou.

Os únicos no Pacaembu – “Teve um dia que choveu bastante em São Paulo e uma das placas de transmissões queimou após a queda de um raio, e das rádios pernambucanas, eu e Hildo Teixeira fomos os únicos que conseguimos transmitir, porque a placa não atingiu a nossa transmissão, nós vimos os funcionários da Rádio Clube, Jornal e Liberdade ficarem sem transmitir, ai eles acompanhava a nossa transmissão para mandar as informações para as redações”, disse ele bastante satisfeito com o foco que lhes foi dado.

A prisão de Hildo Teixeira – Participando de uma transmissão em São Paulo, no estádio do Morumbi, Antônio Carlos e Hildo Teixeira foram até a capital paulista para transmitir a final do campeonato paulista entre São Paulo e Palmeiras em 1992, e devido a não ter o crachá, ele disse que Hildo foi preso e ele conseguiu escapar porque recebeu emprestado, de Eli Coimbra, um crachá da Band para permanecer no campo.

Curiosidades das viagens radiofônicas

Antônio Carlos disse que durante toda vida, enfrentou várias histórias engraçadas e em certos momentos, até dramáticas, a exemplo de quando ele e Maurício Sobrinho se perderam em Salvador, procurando um lugar que era conhecido devido aos banhos que existiam lá, e após não encontrar o local, os mesmos saíram em um plantio de Feijão, onde os cachorros colocara-os para correr.

Toinho ainda relembrou, que após esse acontecido, os mesmos deixaram a Bahia com destino a Pernambuco e na metade do caminho, exatamente em Maceió, estava acontecendo um jogo amistoso da Seleção da Hungria, e eles resolveram ficar lá e transmitir a partida.

O carão de Reginaldo Souza – Participando da Rádio Polo FM nas transmissões do Campeonato Pernambucano de 2015, Antônio Carlos disse que no intervalo de uma partida em Vitória de Santo Antão, quando o Ypiranga perdia por 3x0, ele foi entrevistar o treinador, que revelou que estava ouvindo a rádio e colocou o esquema que Antônio Carlos havia sugerido, e por isso que o time estava perdendo. “A pior coisa que o Ypiranga já colocou foi Reginaldo Souza como treinador, ele colocou um esquema que eu havia sugerido, mas foi engraçado aquilo tudo”, citou.

Campanhas Políticas

Trabalhando em diversas campanhas eleitorais do município de Santa Cruz do Capibaribe, Antônio Carlos disse que já esteve nos principais palanques da cidade, a exemplos de Zé Augusto, Ernando Silvestre, Augustinho Rufino e Toinho do Pará. Ainda sem contar a participação em campanhas para vereadores, onde cita Natálio Arruda, Dimas Dantas, Rui Medeiros, Ernesto Maia e Carlinhos da Cohab recentemente. Toinho Sulanca ainda foi Secretário de Agricultura e de Obras na gestão de Toinho do Pará, foi o responsável por fazer a segunda maior exposição de animais de Pernambuco em Santa Cruz no ano de 2006, na gestão de Zé Augusto.

“A pré-candidatura” radiofônica?

Antônio Carlos e Hildo Teixeira tinham um programa na Rádio Vale AM, que segundo alguns politizados da cidade, foi o responsável por “derrubar” o ex-prefeito Aragãozinho, e em um certo dia, os dois resolveram ser candidatos a vereador, e para isso haveria um sorteio para que apenas um deles saíssem candidato e Antônio Carlos foi o sorteado, só que Dimas Dantas, também seria candidato a vereador e pediu o apoio deles, o que frustrou os planos dos radialistas.

A maior decepção

Antônio Carlos disse que durante a sua vida de radialista, teve um ocorrido que marcou bastante e lhe decepcionou, que foi quando estava na rádio Vale AM e chegou um rapaz bem vestido e disse que a partir daquele momento ele era o gerente da rádio, deixando Toinho sem entender a situação. 
“A obrigação do ser humano é ser honesto, e a minha maior decepção foi a saída da gerência da rádio, na qual eu fazia parte e eu disse a ele que não entregaria a rádio a ele daquela forma, fui a Belo Jardim para tentar resolver aquilo, e se eu tivesse entregado naquele momento, eu estaria atestando a desonestidade na minha passagem e por isso que eu não permiti. Mais Deus é tão grato que me deu a capacidade de mandar as benfeitorias em minha vida, tive a minha filha que foi fazer Medicina em Petrolina, um filho meu, Diego estuda Direito e tirou 1.000 pontos na redação do Enem, o outro mais novo, Gabriel foi para uma peneira do Corinthians e entre 120 meninos apenas 4 passaram e ele esteve no meio dos 4, e o outro, Franklin é um exemplo de homem honesto”, disse ele emocionado.

Jogo Rápido

Ypiranga – Uma sociedade mal dirigida e sempre será o símbolo de Santa Cruz do Capibaribe
Rádio – Tudo na minha vida
Hildo Teixeira – Meu compadre, meu irmão, um exemplo de vida
Jota Oliveira – Um exemplo de vida 
Maurício Sobrinho – Maior narrador esportivo que eu trabalhei
Dimas Dantas – É um grande político
Padre Bianchi – Ele é um padre, pule aí
Zé Augusto – Foi um político que não soube aproveitar os momentos de crescimento na política
Toinho do Pará – Administrador com boas ideias, mas não deixaram ele livre
Edson Vieira – Começou numa época boa e começou em uma má fase na política nacional, sabe sair do problema difícil 
Santa Cruz do Capibaribe – Só tenho uma falta, que foi não nascer aqui, mas Deus me colocou aqui e eu não quero nunca mais sair.

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