domingo, 13 de março de 2016

Bate Papo com Rimário Clismério

Rimário Clismério da Silva, nascido em Santa Cruz do Capibaribe em 10 de maio de 1979. Filho de Raimundo Severo da Silva e Teresinha Clismério de Jesus. Rimário é historiador/mestrando em ciências da educação pela Universidade Lusófona de Lisboa Portugal. Formado em história pela FAFICA, pós-graduado pela mesma. Casado com Cristiane Maria de Pontes Clismério.

Atualmente ocupa o cargo de professor de história e filosofia da EREM Luiz Alves (CESAC). Com participação em atividades culturais voltadas para bandas marciais e fanfarras, atualmente é instrutor da Bamalu (Banda da Escola Luiz Alves). É pai de quatro filhos, Neuma Jéssica, Wallef Clismério, Raissa Clismério e Rayane Clismério.

Quem é Rimário?

“Sou um sonhador, um cara que ama a minha cidade e sou uma pessoa que sempre procurei, dentro de minhas infinitas limitações, contribuir para aqueles que nos rodeiam possam avançar”.

Infância

“Não posso dizer que foi uma infância de grandes provações, mas sim gostosa, de brincadeiras de jogar bola na rua, arrancar a cabeça dos dedos, soltar pipas entre outras. Os meus pais nunca tiveram a condição de me dar brinquedos legais da época, devido à falta de condição financeira, na época dinheiro para as famílias de classe média/baixa não dava para isso”, disse.

Morou por vários anos na Rua Arthur Correa de Araújo (a conhecido Rua 4). Rimário ainda frisa a sua infância de forma extrovertida. “Foi muito gostosa, boa e com todas as dificuldades que tínhamos daquela época”.

“Vivemos numa sociedade do contato sem contato” – Visto indiferente a “nova geração”, Professor Rimário citou brincadeiras de crianças nos dias atuais, que podem ter vídeos-games e outras tecnologias, além de parafrasear o seguinte: “Você pode ter milhares de amigos no Facebook e WhatsApp, mas nem com todos você conversa e tem contato, é fundamental que eu tenha um Playstation, mas por outro lado, devo ter essencialmente amigos presentes ao meu redor, para que possamos dividir as alegrias e emoções”.

O acidente - Rimário em sua juventude, sofreu um acidente logo após ganhar uma bicicleta, ele estava saindo em um carro Pampa que era conduzida por uma pessoa muito conhecida dessa cidade que estava acompanhado de sua namorada. “Estávamos tomando uns “tangs” e ele me colocou em cima da pampa junto com a bicicleta, e nas proximidades do campo da máfia, ele quis impressionar a moça e se esqueceu que eu estava em cima do carro, e após a carreira ele deu um cavalo de pau e eu cai do outro lado, perdi 5% de olfato e paladar”, lembrou ele que ainda afirmou que nunca mais quis andar em cima de nenhum carro.

Estudos - Como todo bom garoto, Rimário relembrou de sua época de estudos, onde citou casos curiosos que não se assemelham a sua prática dos dias atuais. Hoje professor, Rimário cita que não era um aluno a ser seguido, deixando questionamentos em aberto. Como um aluno desinteressado por se tornar professor?

“Faço uma viagem e me lembro do Centro Social na Rua Rosemiro Alves da Rocha, onde iniciei os estudos. Logo após fui fazer o ensino fundamental no José Francelino Aragão, e como morava perto de lá, sempre antes de ir à escola eu subia em uma árvore na esquina onde tem uma loja de informática, e olhava primeiro o setor para depois ir para a aula, depois disso me transferiram para o Cenecista, e aí comecei a ser reprovado em uma escola particular, no Alternativo, foi quando começou a me complicar”, disse ele.

Aluno Móvel? – Rimário se denomina um aluno móvel, que o professor não sabia a sua presença na sala, de tanto que ele trocava de lugar.

“Ela amou no dia em que sair da escola”, relembra Rimário

“Tive uma professora de nome Mirian de Daco, que após eu sair da escola, ela amou e disse que se via livre de mim, no dia em que eu sai, os professores de reuniram e fizeram uma grande festa”, cita.

Quem estudava, era eu ou minha mãe? – Rimário disse que a presença constante de sua mãe gerava questionamentos, a exemplo de alguém já ter perguntado se que estudava era ele ou sua mãe. “Dona Terezinha sofreu bastante no Francelino, eu era metido a namorador e ela sempre teria que ir lá porque a diretora chamava”, ressalta com risadas.

Casado com história e caso extraconjugal com Filosofia? – Rimário, que hoje é professor de História e Filosofia, relembra que por três anos seguidos repetiu a 5º série, e principalmente nas áreas que atua hoje. “Eu sou casado com história e tenho um caso extraconjugal com Filosofia, e o mais interessante é que eu não via sentido naquilo que aprendia. Hoje compreendo que a educação é a chave para a liberdade, quem é pobre pode se tornar rico através dela”, destaca.

“O Pai do vereador Junior Gomes, nunca se esqueceu de mim” diz Rimário

“Sempre chamado na diretoria, o pai do vereador Junior Gomes, 'Seu Toinho' nunca se esqueceu do tanto que me levou para a secretária”, relembra Rimário.

Seu primeiro contato como professor

Após altos e baixos nos estudos, o professor Rimário lembra quando foi o seu primeiro contato como professor e a forma na qual foi convidado a exerce-lo, citando que um dos professores viu ele ensinando algumas coisas a alunos que tinham dificuldades de aprender e levou o caso até a diretoria, já que o professor estava em final de exercício da profissão.

“Eu passava aquilo que aprendia para alguns alunos que tinha dificuldades em assimilar, eu tinha prazer em dividir aquilo com eles, e aí o meu professor viu essa cena, logo após, ele precisou deixar a escola e foi necessário a contratação de um substituto e ele me indicou, achando que eu teria o perfil e a vontade de sê-lo”, disse.

Graduação e “equipe do fundão” - Rimário relembra, que após tomar gosto pela profissão, se interessou e começou a fazer uma graduação, citando que “no ônibus tinha a sua equipe, entre eles, nomes bastante conhecidos, como o vereador Junior Gomes, Kennedy (ex-presidente da associação dos moto-taxistas), Preto do Bradesco, Letinho e Priscila de Lourinho”.
“O motorista adorava quando faltava pelo menos dois, devido a bagunça em que nós fazíamos”, relembra.

A conversão de Junior Gomes

Após quase sete meses, Rimário relembra que fez a conversão de Junior Gomes, que estava se metendo com o pessoal da frente e do meio do ônibus, citando a divisão de classes que ocorre no período. “Existe uma divisão de classes, o fundão do busão é composto por bagunceiros e nós conseguimos converter Junior Gomes que estava querendo se meter com o pessoal da frente e do meio, aqueles mais recatados, e eu consegui, ele veio para a bagunça”, frisou Rimário.

Barraca de Luiz e de Papa – “Tomava eu e um grupo de alunos para ter uma “aula de reforço” no crediário, era onde tomávamos alguns drinks e comia guloseimas, essas barracas ficavam ao lado da escola”.

Questionado sobre a “mudança” de um aluno nenhum pouco exemplar até se tornar professor, Rimário cita o filósofo/escritor, Mário Sergio Cortella, com a frase: “Nós nunca nascemos prontos, a cada hora, nós estamos nos refazemos e tornando pessoas novas”, diz ele, que ainda frisou o “gosto pela sala de aula”, que contribuiu para essa mudança.

Carreira musical

Tocou nas bandas Bambú de Ouro, Dimetrose e Sahara, além de tantas outras, Rimário disse que após deixar essas bandas se apaixonou pelas salas de aula e percebeu que a educação é a liberdade. “Podemos ter uma nova postura através da educação, nós sabemos que a cidade é atípica e a garotada ganha dinheiro rápido, o que pode deixar os alunos sem interesse pelos estudos”, destacou.

Reativação da banda do EREM em 2009 – Após passar em um concurso, Rimário Clismério lembra que reativou a banda da Escola de Referência Luiz Alves da Silva, e a primeira apresentação foi em Taquaritinga do Norte. “Não dava para conciliar as bandas de forró e aí eu passei a exercer apenas a função da Banda na escola, onde tivemos apresentações em várias cidades e até hoje me dedico a ela, sendo reconhecida em 12 municípios”, disse.

“Em 1995 eu já tocava alguma coisa, porque iniciei na Banda Musical Novo Século nesse ano, mas antes em 1988 eu tocava com Clodoaldo Moreira no Francelino e em 1997 ele deixou a banda, aí naquele momento a banda estava já acabando e eu convidei Júlio Negão, Sérgio e maestro Luizinho, onde fiquei 10 anos trabalhando de graça”, disse o Professor Rimário, que ainda lembra que após 10 anos quando veio uma verba para pagar ao instrutor, os diretores lhe tiraram da escola.

Antes de se tornar professor, fui carteiro e pequeno empresário

“Mamãe queria que eu virasse empresário e eu, que sempre fui metido a namorador, aí algumas meninas me viam carregando as mercadorias e eu ficava zangado, foi o que contribuiu com a minha vontade de estudar mais”, diz.

Depois disso foi carteiro nos correios e sempre que ia entregar as revistas, eu as lia antes, elas não vinham com plásticos iguais hoje, e eu entregava a empresário que nem sabiam ler”, relembrou.

Curiosidades

Rimário relembrou duas de suas andanças com bandas musicais pelo estado, e citou “Estávamos em Cacimba de Baixo, onde lá teve um leilão e um político sempre arrematava algo para a banda, nesse dia Augustinho Rufino olhou e mandou Luizinho do Mugunzá ir pegar um queijo e um bolo para a banda, quando chegamos no ônibus o presidente da banda pediu o queijo e o bolo para dividirmos entre todos e houve uma confusão por causa de menos de 1kg. Porque Luizinho alegou que teria sido dado a ele”, citou.

“Outra foi em Recife, todos sabem que lanches e bandas marciais em todo lugares é padrão, onde recebemos cachorro-quente e refrigerante, e na capital nos serviram uma paçoca e ainda sem água”, disse ele.

Jogo Rápido

Educação – Chave para a liberdade;
Clodoaldo Moreira – Um grande incentivador musical;
Júlio Negão – Uma figura cultural da cidade;
Bento da zabumba – Um grande artista;
Política – Essencial, se não virar politicagem;
Música – Exercício para viver em harmonia com o universo;
Família – Base de tudo, Estrutura e para mim tudo;
Santa Cruz do Capibaribe – Meu coração aquilo que me faz levantar todos os dias com sorrisos no rosto.

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