domingo, 1 de maio de 2016

Bate Papo Luciene Cordeiro


Maria Luciene Cordeiro nasceu em 01 de abril de 1964 na cidade de Custódia, sertão de Pernambuco. Filha de Jeová José da Silva e Valderei Cordeiro de Arruda, é formada em História pela Faculdade de Belo Jardim (FABEJA) e bacharel em Direito pela Faculdade do Vale do Ipojuca (FAVIP).

Atualmente é professora e diretora do Sindicado Único dos Profissionais do Magistério Público das Redes Municipais de Ensino no Estado de Pernambuco (SINDUPROM). Luciene Cordeiro tem mais 9 irmãos, sendo dois homens e 8 mulheres com ela. Luciene tem sido forte na luta para garantir os direitos dos professores e sempre tem tomado à frente em questões que esteja relacionado a classe. Veio definitivamente para Santa Cruz do Capibaribe em 1994.

Infância

Luciene Cordeiro, que nasceu e teve uma infância na cidade de Custódia no sertão do estado, disse ter sido uma infância de muito trabalho, na qual devia ajudar seu pai no trabalho e também ajudou a criar seus irmãos que eram mais novos. Seu pai, Jeová José da Silva é natural de Santa Cruz do Capibaribe e que havia ido a Custódia, onde conheceu a sua mãe, Valderei Cordeiro de Arruda, com quem casou e teve alguns filhos.

“Meu pai andou 6km para chamar a parteira” – No seu nascimento, Luciene disse que a sua mãe teve a ajuda de uma parteira que morava a 6km da sua casa. “No momento que minha mãe começou a sentir as dores do parto, meu pai teve que andar 6 km para ir buscar a parteira e tinha uma vizinha nossa que ficou com minha mãe, mas ela tinha medo de ir colocar o cobertor em mim, quando meu pai chegou eu estava gelada”, disse ela.

Trabalhos

“Minhas dificuldades começaram desde então, pois mesmo quando era criança trabalhei muito com o meu pai e com a minha mãe, quando trazíamos feixes de lenhas e carregávamos na cabeça, com meu pai, eu trabalhei limpando os animais que ele matava na feira”, disse.

Antes de se mudar para Santa Cruz do Capibaribe, Luciene foi professora de uma escola na cidade de Betânia, que ficava próximo a Custódia, ela enfrentou dificuldades para conciliar sua vida com esse emprego. “Eu saia de casa na segunda e só retornava nos sábados, trabalhava durante toda a semana em uma escola na cidade de Betânia e foi muito difícil essa época, quando chegava o dia de voltar, eu vinha em alguns carros precários, a exemplo de caminhões de estaca”.

Luciene participou de um concurso que foi realizado em Santa Cruz do Capibaribe em 1993 e foi aprovada para exercer o cargo de professora. “Passei nesse concurso na época em que estava trabalhando em Caruaru, e após ser aprovada eu vim de forma definitiva para a cidade”.

A primeira escola em Santa Cruz do Capibaribe – “Comecei a ensinar na Escola Lucinalva no Bairro da Palestina, e após alguns meses lá eu fui transferida para a Escola do Bairro Santo Agostinho pela Secretária de Educação, que era irmã de Aragãozinho”, afirmou.

A revolta dos alunos – Após a sua transferência, seus alunos não gostaram da atitude que foi tomada pela Secretária e todos desistiram dos estudos, ficaram apenas dois na época. “Os alunos protestaram contra a minha saída, eles foram na secretaria e pediam para falar com a gestora, e mesmo assim não adiantou, eu fui transferida, só que para minha surpresa, todos os alunos desistiram e só ficaram dois, na época a gente não tivemos força para barrar essa transferência”, disse ela, que anos depois ainda passaria pela Escola Orlandina, onde teve início o Movimento Sindical.

Família

Luciene tinha um avô que morava em Cacimba de Baixo e ela sempre vinha visitá-lo, e que após alguns anos em Custódia, os seus pais decidiram vir embora. Ela lembra com tristeza, que seu avô faleceu no período em que seus familiares estiveram aqui. “Meus pais sempre iam a casa de meu avô, e em um certo dia ele faleceu no mesmo momento em que estávamos com ele, tinha muito carinho por todos nós”, disse.

Luciene ainda lembrou que a saída de seus pais para morar em Santa Cruz do Capibaribe foi em uma época difícil, meados de 1990, e que após um tempo aqui, eles retornaram a Custódia e em 1993 voltaram definitivamente para Santa Cruz. “Nós moramos um período aqui, e quando foi em 1993 de forma definitiva meus pais vieram para cá, eu ainda permaneci em Custódia por alguns meses. Pois eu trabalhava lá, e depois quando resolvi sair de lá, fui para Caruaru e trabalhei por seis meses lá, aí sim resolvi vim a Santa Cruz”, disse ela.

Estudos

De família humilde onde teria que conciliar seu tempo entre trabalhos e estudos, Luciene Cordeiro teve que se “virar” para estudar, ela lembrou que a sua primeira entrada na escola foi aos 13 anos de idade. “Eu só comecei mesmo a estudar quando já tinha 13 anos de idade, tarde demais, mas sempre busquei me dedicar e por isso que conseguir essas conciliações sem ter que abandonar os estudos”, disse ela.

“Não queria levar à palmatória?”

Na época em que estudava, Luciene disse que sempre se dedicou com o intuito de não levar a famosa “palmatória” que era usada em alunos que não dominassem os assuntos. “Sempre me dediquei, estudava demais a tabuada de matemática e sempre ganhava nas competições que eram feitas para dar a resposta certa dos cálculos, com esses acertos, eu me livrava de levar à palmatória”, disse.

Fui demitida após uma intervenção do município – Após uma intervenção no município de Custódia, Luciene Cordeiro que recentemente havia fundado o Sindicato dos Servidores foi demitida junto com a sua mãe, e depois de algumas batalhas na justiça, ela foi reintegrada. “Recorri na justiça e ganhei a causa, e após ser reintegrada eu fui para uma reunião do Sindicato, e quando me viram lá, eles abriram um inquérito administrativo contra mim e eu ia para a escola só para cumprir a carga horária, não permitiram que eu fosse para a sala de aula”, frisou.

O Sindicato – Luciene Cordeiro, uma das lideranças do Sindicato dos Professores no município, citou as conquistas que o órgão tem conseguido para o bem dos servidores educacionais. “Com Ernando nós conseguimos o plano de cargos e salários, já na gestão de José Augusto Maia tivemos embates acirrados, quando a secretaria foi repassada a Socorro Maia nós perdemos o diálogo com a gestão, passamos vários anos sem reajuste salarial, nessa mesma gestão ainda tivemos três greves terríveis e não houve avanços, o Ministério Público tinha que nos ajudar senão perderíamos totalmente o diálogo”, disse.

“José Augusto Maia cortou meu salário por dois anos” afirmou

O prefeito à época, José Augusto Maia cortou seu salário por dois anos, e ela disse que mesmo com essas dificuldades não baixou a cabeça. “Ele achou pouco a humilhação que nós passamos e ainda cortou meu salário e eu fiquei dois anos sem receber meus vencimentos”, lembrou.

Fui expulsa do ônibus em Brejo da Madre de Deus, mas resistir – Luciene relembrou que em 2004, ela passou por um constrangimento na cidade de Brejo da Madre de Deus, onde ela havia ido à uma capacitação de professores, e que quando retornou ao ônibus para voltar a Santa Cruz do Capibaribe, o motorista proibiu ela de subir no ônibus. “Ele pediu que eu descesse e eu falei que não desceria porque era professora e não marginal. Depois chegaram dois seguranças de Roberto Asfora para me tirar e eu resistir, dizendo que só sairia a força”, frisou ela.

“Viva a resistência”

“Houve muita confusão, uma professora do Brejo da Madre de Deus passou mal, e aí teve que ser retirada para medicá-la e depois os professores começaram a reagir dizendo que se eu saísse, todos sairiam também”, lembrou ela.

Participação na Política Santa-Cruzense 

Luciene Cordeiro, que era filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT) foi candidata a vereadora obtendo 271 votos, onde estava no palanque do então candidato a prefeito José Augusto Maia.

Ela denomina a fase em que participou da político como “Mancha Negra”, dizendo que não sabe pedir votos para si, e que não adiantaria tentar, pois não conseguiria.

Participação no PT – “Nosso partido foi construído pelos trabalhadores, mas infelizmente foi destruído no governo de Lula e Dilma e eu optei por ir para o lado mais enraizado do partido, “a esquerda marxista”, e após alguns caciques mandarem no partido, eu vejo que destruíram todos os nossos ideais”, desabafou.

Jogo Rápido

Política – É necessário sem falcatruas;

Educação – Base de tudo;

Dilma Rousseff – Se perdeu na gestão;

Aragãozinho – Se perdeu no governo, deixou que outros mandasse;

Ernando Silvestre – Meio Coronel para a gente;

Afrânio Marques – Um Combatente;

Socorro Maia – Atraso;

José Augusto Maia – Intolerância;

Jéssica Cavalcanti – Uma irmã;

Joselito Pedro – Diálogo;

Carlos Lisboa – Apagador de fogo;

Edson Vieira – Precisa dar um rumo no governo e acertar mais;

Santa Cruz do Capibaribe – É de um potencial econômico muito grande, de um povo hospitaleiro e pode crescer mais, depende apenas que os políticos trabalhem honestamente por ela;

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