domingo, 27 de setembro de 2015

Bate papo Jota Oliveira 

Oriundo dos ‘Negrinhos do Alto’, professor, cantor, historiador e escritor José Oliveira de Góes (Jota Oliveira) foi mais um entrevistado no bate-papo Direto ao Ponto, nessa quarta-feira (23). E com uma memória invejável contou e relembrou causos e curiosidades de sua infância e juventude. Confira nas próximas linhas, um pouco da vida desse apaixonado por Santa Cruz.
Infância 

Nascido em 14 de maio de 1962 (53 anos) do casal Raimundo Pereira de Góes e Antônia Oliveira da Cunha, Jota nasceu, como ele mesmo chama, ‘na maior ebulição da cultura de Santa Cruz do Capibaribe’. A Rua do Alto. “Um caldeirão cultural. Quem nasceu ali tinha que ser cantor, percussionista ou jogador de futebol. Alguns eram mais de uma dessas coisas”, diz. Dentre as opções, ele foi cantor e percussionista.

De fato, a Rua é reconhecida por sua forte essência cultural, com seus eventos juninos, o tradicional ‘Quebra Lajedo’, rua da banda de pífano de Guila, de seu Joaquim Fogueteiro, e tantos outros. “Foi de lá que surgiu o primeiro ‘tremendão’ de Jacinto, o primeiro colunista da cidade, as primeiras quadrilhas...”, acrescenta. 

A cidade ainda caminhava e crescia fortemente com os anos seguintes com o fortalecimento da confecção. “Cresci numa cidade pequena. Com dimensões inimagináveis para o que temos hoje. A cidade terminava na Rua Francisco Barros”, conta saudosamente. 

Trabalho 

O pequeno Jota começou a trabalhar aos oito anos. “E não tive nenhum trauma por isso”, diz. 

Entre outras coisas, o garoto fez bolo de rolo e entregas na padaria que pertencia à família da saudosa professora Avani Lopes, que se localizava na Rua do Pátio. “Foi lá que conheci que as ruas de Santa Cruz. Em cada bodega deixava um balaio de pães”, diz. 

Aliando estudos e trabalho o garoto ainda se divertia... 

Com pouca grana, raramente entrava nos bailes. A oportunidade surgia com apresentações, com uma banda de forró e disputas em shows de calouros que cobria as despesas da festa. 

“No intervalo das bandas tinha um show de calouros, arrumava logo uma torcida e depois ganhava 15 mil que dava para tomar cana com passarinha, com a turma. Era novo, metido, atravessado e feio que só a gota, mas era artista”, diz aos risos. “Foi uma época fantástica”, completa.  
Além da Rua do Alto e do Novo Clube, ele destaca, como points principais, a Praça dos Bandeirantes o Restaurante ‘O Maia’, e claro, o cinema de Joel. 

Da turma cita Toinho Catanha, Zé Bila, Gogó de Ouro, Ronaldo Pacas, Roberto, Zezito, entre outros. “Era uma turma boa. São quase todos de 1962. Era feliz e não sabia”, diz saudoso. 

Estudo 

Jota Oliveira estudou concluiu o ensino médio no Colégio 31 de Março (Atual Padre Zuzinha), após um período fora da escola para ajudar o pai no trabalho. 

“Eu sempre digo que tive que ajudar meu pai na indústria, por que ele transformava barro em tijolo. Em 1980 poderia ser responsável por mim mesmo. Voltei pra 5ª serie para o ‘31 de Março’ e de lá para FAFICA”, fala. 

Na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru (FAFICA) formou-se no curso de letras. 

Em sala de aula 

Concursado desde 1993, lecionou nas Escolas Professora Sevy Ferreira Barros, Padre Zuzinha, Cenecista, Cohab, bem como na Zona Rural do município, nos distritos de Pará e Poço Fundo. Em algumas delas sendo inclusive diretor. 

Sempre brincalhão, aprontava com colegas nas idas para o distrito do Pará. Colegas como os professores Joselito Pedro, atual secretário de educação do município e Fátima Neves, conhecem bem essas passagens. 

“Com Joselito, se alguém vomitar perto dele, ele faz o mesmo. E a gente misturava resto de cuscuz com água e jogava no colarinho dele”, conta acrescentando as náuseas reais do colega. 

Para assustar professora Matilde, a ‘tática’ foi com uma encenação epiléptica. “Coloquei um comprimido efervescente na bochecha e envergava os dedos. Fátima Neves sabia e dizia ‘cuidado, epilepsia pega’. E a coitada gritava muito. Não passava de pegadinha”. 

Na comunicação

Comunicador nato iniciou como a maioria dos primeiros comunicadores da cidade, à época, na divulgadora de Francisco Amaral: ‘Amaral Publicidades’. Apresentador de palco em grandes festividades, puxador de centenas quadrilhas e radialista reconhecido. 

Aos 15 anos, era o rapaz dos recadinhos nos Parques da tradicional ‘Festa de Setembro’. Pedidos de músicas sempre com um recado, onde o garoto impostava bem a voz num microfone simples. 

Geraldo Costa de operador, Zaga, Lourinho, Marcone Barbosa, Ronaldo Pacas, entre outros são lembrados por Jota, como colegas que também passaram pela ‘Amaral Publicidades’. 

O talento lhe deu a oportunidade de compor o primeiro time formado para Rádio Vale do Capibaribe. A primeira emissora da cidade. “Entrei em setembro de 1985. Três meses da inauguração. Sempre tive facilidade para criar textos e entrei para a equipe como redator”, diz. 

No ar, começou com programa policial, às 7h e logo em seguida ‘manhãs brasileira’, com MPB. “Ainda trabalhava aos sábados e no domingo cobria o futebol”, diz orgulhoso, destacando na área ainda “Fui o padrinho de Maurício Sobrinho. Indicando ele para narrador”. 

Na Rádio Comunidade foi de Jota as primeiras apresentações do ‘Sinfonia Nordestina’, programa com muito forró autêntico pela manhã. 

Foi com ele, ao lado dos amigos Abdias e Zé Romildo, que iniciou o Programa ‘Arquivo Jovem Guarda’. Semanal que segue até os dias atuais com o próprio Jota Oliveira. 


Saudade que fere  - Durante bom tempo, apenas Zé Romildo ficou a frente do Programa, até o seu falecimento em 2011. 

“Toda sexta Zé passava em casa e, invariavelmente, a gente sempre brigava porque ele falava muito e não tocava música. E nesse dia ele chegou e disse ‘Zé das Oliveiras, estou indo para São Paulo e você vai ficar no meu lugar’”. 
Jota concordou acrescentando que assim que retornasse o lugar do amigo estaria reservado no semanal. “Ele botou a mão na careca e disse ‘você não está entendendo. Eu não vou voltar mais’. Isso foi uma facada”, relembra emocionado. 

José Romildo Balbino Bezerra faleceu em 07 de setembro de 2011. 

Família  - Jota Oliveira é casado com do Rosa Maria da Silva Oliveira, desde 13 de setembro de 1988. Com quem tem dois filhos: Jéssica e Jessé Oliveira. Além disso, tem a filha Fernanda e um neto. 

Escritor - É autor do livro “Ruas de Santa Cruz do Capibaribe, sua gente sua história” e trabalha num livro exclusivo sobre a feira da sulanca, com 85% pronto. 
Cargos - Ele foi assessor de gabinete dos ex-prefeitos Aragãozinho, José Augusto Maia e Toinho do Pará. Deste ultimo ainda ocupou o cargo de gestor de cultura municipal. 


Jogo rápido 
Sulanca – Fantástica 
Aragãozinho – Grande amigo 
Raimundo Aragão – Maior político 
Toinho do Pará – Parceiro 
Padre Zuzinha – Pessoa maravilhosa 
José Augusto – Um homem de grande habilidade 
Oseas Moraes – Uma pessoa a quem eu devo muito
Edson Vieira – Crescimento rápido 
Dimas Dantas – Uma pessoa a quem aprendi admirar
Professora Avani – Inominável 
Zé Romildo- Uma saudade
Santa Cruz – Mais que uma paixão, por que isso acaba. Uma marca. Um sinal que tem na pele 

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