Mantega é preso na 34º fase da Operação Lava
Jato
O ex-ministro da Fazenda nos governos Dilma e
Lula, Guido Mantega foi preso na manhã desta quinta-feira (22) em São Paulo na
34ª fase da Operação Lava Jato. O mandado é de prisão temporária. Segundo o
Ministério Público Federal (MPF), o empresário Eike Batista disse em depoimento
ter pago US$ 2,35 milhões ao PT a pedido do ex-ministro. À época, a quantia era
equivalente a cerca de R$ 4,7 milhões.
O advogado de Mantega, José Roberto Batochio,
afirmou que o ex-ministro foi preso no hospital Albert Einstein, no Morumbi,
Zona Sul de São Paulo, onde estava com a mulher, que tinha uma cirurgia
agendada. A PF afirma que foi até as
proximidades do hospital e fez contato telefônico com Mantega, e que ele se
apresentou espontaneamente na portaria do edifício. "Não houve entrada de
policiais no hospital, ainda mais no centro cirúrgico para retirar o ex-ministro",
disse o delegado Igor Romário de Paula, coordenador da Lava Jato na polícia.
Do hospital, os policiais levaram o
ex-ministro até seu apartamento em Pinheiros, na Zona Oeste, para cumprir um
mandado de busca e apreensão. Por volta das 9h25, Mantega chegou à sede da PF
em São Paulo, na Lapa, Zona Oeste da capital. Às 10h, o advogado Batochio
chegou à sede da PF e disse à imprensa que vai conversar com o ministro para
depois se posicionar novamente. Mantega deve ser levado para Curitiba em um
avião da PF.
Investigação
A atual fase da Lava Jato investiga a
contratação, pela Petrobras, de empresas para a construção de duas plataformas
de exploração de petróleo na camada do pré-sal, as chamadas Floating Storage
Offloanding (FSPO´s). Segundo a PF, as empresas Mendes Júnior e OSX se
associaram na forma de consórcio para obter os contratos de construção das duas
plataformas, mesmo sem possuir experiência, estrutura ou preparo para tanto. A
PF afirma que houve fraude do processo licitatório, corrupção de agentes
públicos e repasses de recursos a agentes e partidos políticos responsáveis
pelas indicações de cargos importantes da Petrobras.
De acordo com a PF, em 2012, Guido Mantega
"teria atuado diretamente junto ao comando de uma das empresas para
negociar o repasse de recursos para pagamentos de dívidas de campanha de
partido político da situação". "Estes valores teriam como destino
pessoas já investigadas na operação e que atuavam no marketing e propaganda de
campanhas políticas do mesmo partido", continua a PF.
Segundo o MPF, Eike Batista, ex-presidente do
Conselho de Administração da OSX, declarou em depoimento que, em 1/11/2012,
"recebeu pedido de um então ministro e presidente do Conselho de
Administração da Petrobras" para que fizesse um pagamento de R$ 5 milhões,
no interesse do Partido dos Trabalhadores (PT), esse ministro citado por Eike,
era o próprio Mantega.
"Para operacionalizar o repasse da
quantia, o executivo da OSX foi procurado e firmou contrato ideologicamente
falso com empresa ligada a publicitários já denunciados na Operação Lava Jato
por disponibilizarem seus serviços para a lavagem de dinheiro oriundo de
crimes. Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012,
em 19/04/2013 foi realizada transferência de US$ 2.350.000,00, no exterior,
entre contas de Eike Batista e dos publicitários", continua o MPF em nota.
Operação Arquivo X
Policiais federais estão nas ruas desde a
madrugada desta quinta para cumprir mandados desta 34ª fase da Lava Jato. As
ordens judiciais estão sendo cumpridas em cinco estados, além de no Distrito
Federal: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia. A
ação foi batizada de Operação Arquivo X.
Foram expedidos 33 mandados de busca e
apreensão, oito de prisão temporária e oito de condução coercitiva, que é
quando a pessoa é levada para prestar depoimento. Além de Mantega, em São Paulo
a PF prendeu Francisco Corrales. A prisão de Corrales também é temporária.
Guido Mantega foi o ministro da Fazenda que
mais tempo permaneceu no cargo em governos democráticos. Ele deixou o posto
para dar lugar ao economista Joaquim Levy no final de 2014. Mantega assumiu o
Ministério da Fazenda em 27 de março de 2006, após a demissão de Antonio
Palocci, envolvido no escândalo da quebra de sigilo ilegal do caseiro
Francenildo dos Santos.
Depois de mais de oito anos no comando da
pasta, Mantega entregou ao sucessor números que mostraram êxito na criação de
empregos, mas crescimento econômico baixo, inflação próxima ao teto da meta do
governo e contas públicas com seu pior resultado em 11 anos.
Quadro histórico do Partido dos
Trabalhadores, ele nasceu em Gênova (Itália) e sempre defendeu uma filosofia
econômica mais voltada ao desenvolvimento da economia, com juros mais baixos.
Formado em economia pela USP, é casado e pai de quatro filhos.
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