Bate papo com Augustinho Rufino
Ele foi regente da banda histórica da cidade, no meio do futebol foi goleiro, centroavante e diretor de um clube, no campo político foi eleito vereador, vice-prefeito, prefeito e deputado estadual. Único gestor do município a conseguir uma audiência com um Presidente da República, atualmente “conselheiro político”, aos 73 anos de idade, com muita história para contar, Augustinho Rufino de Melo, foi o participante do “Bate-Papo do Direto ao Ponto” nessa quarta-feira (1).
Antes do envolvimento político, pelo qual é notadamente reconhecido, Augustinho, foi sapateiro (ou alpercateiro como era popularmente chamado à época, como ele mesmo explica). “Era alpercateiro, por que eu não fazia sapatos, fazia alpercatas mesmo”.
Ainda jovem, aos 19 anos, entra no comercio como dono de uma mercearia. E juntando o útil ao agradável é, nesse período, comerciante, jogador de futebol e músico.
“Naquela época como cidadezinha do interior tinha duas coisas boas, que ainda bem que permaneceram, a banda Sociedade Musical Novo Século e o time do Ypiranga. Tive a honra de participar dos dois”, falou com orgulho.
Mudança em campo
Por cerca de 20 anos na Sociedade Esportiva Ypiranga Futebol Clube, Augustinho foi goleiro, centroavante e diretor. A alteração de posição em campo aconteceu drasticamente após um resultado adverso, em que se diz injustiçado. “Eu era o goleiro, e o time estava invicto a 52 partidas e teve um jogo depois em que o adversário fez 4 a 0. Eu peguei até um pênalti e disseram que eu tinha culpa. O ataque não faz nenhum gol e eu sou culpado?”, pergunta acrescentando que a partir daquele dia não aceitou mais ficar entre as traves.
Carreira Política
Em 1968 foi candidato a vereador, sendo o segundo mais bem votado no município. Em 1976 foi eleito vice-prefeito do Padre Zuzinha e, em 1982, eleito prefeito, tendo como vice Brás de Lira.
Fruto de um encontro presidencial
Arquitetado pelo então deputado José Mendonça, Augustinho quando prefeito (1983 – 1988) teve um encontro oficial com o presidente, João Batista Figueiredo durante o período da Ditadura Militar, onde aproveitou para, além de abraços e fotos, fazer uma cobrança.
“Eu tinha uma fé nordestina que se eu me encontrasse com ele eu conseguiria o que eu queria. E pedi a Zé Mendonça para tentar uma audiência. Quando foi num domingo à noite o telefone toca e era ele (Mendonça) mandando arrumar um paletó novo que pela manhã iríamos para Brasília. E eu levei toda a papelada do projeto do açude de Poço Fundo”, relembra.
No entanto, quando chegou a Capital Federal, Mendonça informa que marcou uma audiência para si, pois se fosse com um prefeito, o presidente certamente não se disporia. “E eu pensei, e agora o que eu vou dizer quando chegar a Santa Cruz? O que eu vou falar em casa?”.
Mendonça quando avistou o presidente informou que levou um amigo, conterrâneo e prefeito pernambucano. Malandramente lhe disse que tudo que o amigo mais desejava, era um abraço do presidente. João Batista Figueiredo não pensou duas vezes e mandou o prefeito subir. Após abraços e ‘retratos’, Augustinho aproveitou a oportunidade para fazer a cobrança.
“Eu disse ‘É o seguinte, o deputado é muito bondoso mais eu não vim aqui apenas tirar foto. Vim trabalhar porque meu município tá precisando urgentemente de uma barragem e o custo não é tão alto’. E ele me perguntou do projeto eu mostrei e foi ai que nasceu o açude de Poço Fundo”.
Voo mais alto, requer ‘combustível’
Par disputar a primeira eleição para deputado estadual, o político contou com a boa ajuda, mais uma vez, de José Mendonça. Em 1990, Augustinho conta que não teria condições financeiras para ‘encarar’ as urnas, sem o amigo.
“Eu nunca pensei que teria esse voou mais alto, por que mesmo sendo determinado, na política o principal é ter dinheiro, se não tiver, não entre não, que sofre. E eu terminei o mandado de prefeito e depois de dois anos Mendonça mandou eu ‘cair em campo’ por voto que seria o candidato a estadual”, disse Augustinho que levou um susto, afirmando ao amigo que não tinha dinheiro para disputa e sendo logo retrucado. “Vá atrás de voto, dinheiro eu tenho”.
Não deu outra e, na ocasião, foi eleito deputado estadual.
Mais uma vitória. Duas derrotas e uma grande decepção.
Em 1994 ficou na primeira suplência e voltou a representar Santa Cruz do Capibaribe na Assembléia Legislativa de Pernambuco (ALEPE), em 1998. Na eleição de 2002 novamente não conseguiu ser eleito e ficou na primeira suplência. O fato de não ter assumido a vaga é algo que lhe deixa profundamente magoado.
“Em 2002 eu tive 24.902 votos. Teve candidatos com 11 mil e 18 mil que se elegeram. Agora estão tentando mudar a lei”, diz em referencia ao coeficiente eleitoral.
Se hoje, governadores costumam convidar deputados costumeiramente para integrar o governo e abrir vaga para acomodar suplentes da coligação, à época, Augustinho não recebeu essa ‘cortesia’ de Jarbas Vasconcelos. Algo que entende, até hoje, como uma covardia. “Mágoa fica. Eu passei quatro anos e o governador não chamou ninguém, eu fiel de uma vida inteira e nada”, diz resignado e acrescenta. “Mágoa fica, ainda hoje tenho e vou levar para o túmulo”.
Havia um genro no caminho, no caminho havia um genro...
O que pouca gente sabe é que Augustinho Rufino poderia ter sido candidato a vereador em 2008. Suas pretensões eram encerrar a carreira política na Casa José Vieira de Araújo, cargo de parlamentar municipal, como iniciou. No entanto, Junior Gomes apareceu...
“Eu pensei, em encerrar como comecei, mas daí apareceu o genro dizendo que era candidato a vereador e eu aceitei”, revelou.
No “ping pong”, Augustinho definiu:
Banda Musical Novo Século – De minha personalidade até o meu mandato, devo a ela
Ypiranga – Meu coração, pedaço de mim
Padre Zuzinha – Meu protetor, meu guia espiritual
Ernando Silvestre – Grande amigo terrestre
Zé Mendonça – Meu irmão que Deus levou
Zilda Moraes – Minha amiga
Oseas Moraes – Meu camarada
José Augusto Maia – Fora da política, sempre tivemos um bom relacionamento
Edson Vieira – Meu filho mais novo
Junior Gomes – Irmão, camarada e chefe. Costumo dizer que quando o genro é bom é filho, quando não, é intrigado
Dimas Dantas – Seria ingrato se fizesse críticas a ele, por que votou em mim em 4 eleições e nunca me pediu nada, foi sempre corretíssimo. Mas hoje tomou uma posição que não é nossa
Salete Jordão – Meu amor
Santa Cruz do Capibaribe – Minha vida, tudo que tenho, e sou, devo a essa terra.
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