Bate papo Ernesto
Maia
Nascido em Santa Cruz do Capibaribe, em 9 de setembro de
1968, filho de João Maia Neto e Maria do Socorro Ferreira Maia, vindo de uma
família com raízes históricas e políticas no município, o convidado
da última quarta-feira (22) do “Bate Papo Direto ao Ponto” foi o vereador de
terceiro mandato, Ernesto Lázaro Maia.
O parlamentar é sobrinho de Raymundo Aragão e Padre
Zuzinha, filho de um dos fundadores do MDB (Hoje PMDB) na cidade,
sua referência política, João Maia, a quem credita a aprendizagem na
articulação política. Já foi coordenador de campanha e “se aventura” também
como radialista.
Ernesto viajou no tempo com histórias de criancice,
adolescência e juventude desde o colegial até os dias atuais, aprendizagens
comunistas e coleção de gibis. Viaje você também e conheça um pouco mais da
história do político.
Infância/Juventude
O crescimento se deu na “Rua Grande”, no centro, onde, como
a maioria das crianças da época, brincava na rua, enquanto a cidade ainda era
apenas um simples município interiorano.
“Cresci na Santa Cruz ainda pequena. Tenho orgulho em dizer
que a cidade cresceu junto com a gente daquela época, por que em 1980 eu tinha
12 anos e a cidade tinha cerca de 20 mil habitantes, hoje chega aos 100 mil.
Então tive o privilégio de crescer naquele tempo em que todo mundo se conhecia,
no comecinho dessa história”, diz.
Do período colegial, ainda na Escola Santo Antônio, que no
início funcionou na garagem da casa da sua mãe, Ernesto relembra de colegas que
atualmente são pessoas conhecidas em toda a cidade. “Daquele período tem uma
turma boa. Ainda era de Evani Patriota na direção. Estudaram comigo pessoas
hoje conhecidas na sociedade como o vereador professor Afrânio, Rubeval da
Makital, advogado Manoel Filho, Marinho de Bau, Marta que hoje é esposa de
Arnaldo Xavier, pessoas que conseguiram, podemos dizer, bons objetivos na
vida”, diz.
Histórico escolar
Além do Santo Antônio, Ernesto estudo ainda no Cenecista
(1977-1980), Colégio Sagrado Coração, em Caruaru (1981 e 1982), Colégio Contato
no Recife (1983-1985) e cursou administração na Universidade Federa de
Pernambuco, também na Capital do Estado, entre 1981 e 1986.
Apenas um susto
Ernesto é o mais velho de quatro irmãos e por 8 anos de sua
vida foi filho único. Aos sete anos, fraturou o braço e precisou passar por uma
cirurgia simples, no entanto uma reação do medicamento causou susto em toda a
família. “Tive que ir para Caruaru e recebi uma anestesia e tive um choque
anafilático e fiquei com o coração parado com um tempo, foi realmente um susto
grande para todo mundo, mas graças a Deus estou aqui para contar a história”,
relembra.
Na ideologia de esquerda nasceu Ernesto (Che) Maia
Com um pai comunista, o nome do vereador é uma homenagem ao
guerrilheiro argentino mundialmente conhecido pela Revolução Cubana, e Ernesto
se inteirou nas leituras ideológicas de esquerda, desde pequeno. Lembra que o
aprendizado, nas teorias Marxistas, estava presente constantemente em casa. A
família chegou a hospedar amigos que eram perseguidos pelo regime ditatorial no
Brasil, antes de se mudarem para outros países.
“Para ter uma noção, na minha casa, dos três primeiros filhos,
os nomes são homenagens referentes a líderes de esquerda. Meu nome é Ernesto
por causa de Ernesto Che Guevara, meu irmão Ricardo Vladimir, por causa de
Lênin, e o outro irmão é Eduardo Gregório por causa de Gregório Bezerra . Os
ideais de papai sempre foram os de esquerda”.
“No período mais difícil conheci pessoas que depois tiveram
que ser exiladas. E papai sempre foi muito ativo, acredito que só não tenha
entrado na clandestinidade por causa do meu nascimento. Ele era jovem e
responsável, e teve essa responsabilidade de criar a família”, conta.
Livros e filmes com as teorias em que o pai acreditava e
militava, foram comuns a Ernesto ainda criança. Mesmo não tendo uma grande
fiscalização com conteúdos considerados à época ‘subversivos’, lembra que por
via das dúvidas, alguns livros foram enterrados.
“A biblioteca dele (João Maia) sempre foi muito rica e tive
a oportunidade de conhecer muito cedo alguns clássicos, e entrar em contato com
a literatura de esquerda. Com 8 anos já li ‘Os Irmãos Karamazov’ deDostoiévski ,
e depois Eduardo Galeano, ‘As veias abertas da América Latina’ e também a
questão de filmes, ele gostava muito de filmes engajados como “O Encouraçado
Potemkin” assistimos desde muito cedo.
Para Ernesto, João Maia foi a maior referência política não
apenas para ele, mas também para o tio, irmão de João, José Augusto Maia.
Inspiração musical
Amante da boa música, Ernesto foi um colecionador de discos
e conseguia comprar suas obras com venda de mercadorias do seu pai, no Recife.
“Meu pai fabricava calça amassadinha, que fez muito sucesso na época. Eu pegava
essas calças, levava para o Recife e os amigos distribuíam pelos bairros.
Paguei todo meu ensino médio dessa forma e sobrava dinheiro que direcionava
para a compra de vários discos”, conta.
“Meu pai tinha inicialmente três LP’s. Novos Baianos,
Gilberto Gil que era quebrado e não tinham as primeiras músicas e Clara Nunes.
Foi a partir daí que criei meu gosto musical”, diz. Entre os artistas
preferidos de Ernesto, estavam Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque.
João Maia ainda foi tesoureiro do Ypiranga, o que
proporcionou um contato direto entre o pequeno Ernesto e vários artistas que se
apresentavam no Clube.
Gibis e lixo, a mesma coisa?
Além das artes sonoras, as revistas em quadrinhos foram
paixões no seu tempo de juventude. Ernesto comprava e colecionava gibis. Uma
delas, especial, foi pro lixo por engano. Até hoje ele sente...
“Tinha uma coleção que minha avó guardava do meu pai. E ela
me deu quando ele morreu. Era uma coleção dos anos 50, coisa raríssima chamada
‘Jerônimo: Herói do Sertão’ e uma funcionária de casa viu os gibis certa vez,
achou velho e resolveu jogar no lixo. Infelizmente perdi uma coleção que era
rara e completa”, relembra lamentando.
Atuação e engajamento político
Com esse histórico é previsível imaginar que o engajamento
político de Ernesto Maia aconteceu também muito rápido. E foi. Participou como
conselheiro mais jovem do GRÊMIO Estudantil Castro Alves no Colégio Cenecista.
Nos períodos escolares em Caruaru e Recife atuou de forma mais direta dentro de
partidos políticos. Em eleições municipais, Ernesto retorna ao início da década
de 80.
“Voltando ao ano de 1982 tivemos uma campanha onde a
polarização foi quebrada em Santa Cruz. Tinha Augustinho Rufino e Severino
Monteiro e por conta do voto vinculado, em que era obrigado a votar num partido
só, de vereador a governador, que foi uma fórmula em que o governo encontrou de
eleger seus candidatos, o MDB aqui em Santa Cruz teve que lançar candidato”
conta e continua. “Tinha a candidatura de Marcos Freire e aqui se lançou Pedro
Filho para prefeito e Marluce Aragão de vice. Eu tinha 14 anos à época e, com
uma a fiscalização não era tão rigorosa, eu quem dirigia o carro de som levando
as mensagens da campanha de Pedro filho, revezando com Marinho de Bau”,
relembra.
Em 1988, o pai foi coordenador da primeira campanha
vitoriosa de José Augusto Maia para vereador, e Ernesto aprendia de perto como
tudo funcionava.
Em 1991, com a morte de João Maia, assume a presidência do
PMDB em Santa Cruz.
Em 1992 participou do conselho político da campanha de
Aragãozinho para prefeito, que tinha como vice Zé Augusto. Além de algumas
outras coordenações.
Em 1998 estava na coordenação conjunta com Toinho do Pará,
Francisquinho, Carlos Erbe entre outros, na campanha de José Augusto para
deputado estadual.
Em 2000 foi coordenador geral da campanha de José Augusto
Maia.
Em 2002 foi o coordenador da área de Santa Cruz do
Capibaribe na primeira campanha deToinho do Pará para deputado estadual.
Só em 2004, Ernesto colocou seu nome definitivamente nas
disputas eleitorais. Entre ciúmes de colegas e ‘pé atrás’ do tio e prefeito à
época, José Augusto Maia, que não queria que o sobrinho fosse candidato,
temendo reação dos demais candidatos.
“Acredito que os vereadores só aceitaram por que minha mãe
já havia sido candidata duas vezes e não tinha conseguido êxito. Se soubessem
que comigo seria diferente poderia dificultar”, diz e acrescenta “nesse ramo de
vereador a ciumeira é grande”, comenta aos risos.
Ernesto foi eleito, ainda pelo PMDB, com 1585 votos, sendo o
sexto mais bem votado. No pleito, José Augusto foi reeleito prefeito contra Dr.
Nanau.
No caminho tinha um Moda Center...
Em 2007, em meio ao seu mandato de vereador, foi inaugurado
o Moda Center Santa Cruz, onde Ernesto foi o primeiro síndico.
“Foi implantado um modelo que é seguido até hoje. Tive o
privilégio de ser o primeiro síndico, implantando realmente a cultura de
condomínio, que não existia. Só para ter uma ideia, a inadimplência era de 70%.
E mesmo com as dificuldades, quando saímos tinha pesquisa que mostrava 70% de
aprovação”, diz.
Em 2008, consegue a reeleição novamente como o sexto mais
bem votado, já pelo PTB, com 2274 votos. (Eleição vencida por pelo Toinho do
Pará contra Edson Vieira). “Foram duas eleições muito difíceis. Existiam muitos bons
candidatos e foi quando diminuiu o número de 13 para 10 vagas”, relembra.
Em 2010 é o coordenador da campanha de José Augusto para
deputado Federal. Eleição da qual não tinha dúvidas da vitória, não parou em
casa no período pré-eleitoral e tem orgulho em ter participado. “A gente fez
muita coisa para lançar essa candidatura e via realmente a possibilidade da
vitória acontecer. Tenho muito orgulho em ter participado de uma candidatura de
um filho da terra para deputado federal. Se deu certo ou não, não cabe a mim
dizer mas ficou marcado na história de Santa cruz”, diz.
Em 2012, Ernesto Maia foi o vereador mais bem votado do seu
grupo político, com 2014 votos, representando pela terceira vez o povo na Casa
José Vieira de Araújo, desta vez com 17 representantes.
“O povo não Entendeu...”
A tentativa de voos mais altos em 2014, em direção à
Assembleia Legislativa de Pernambuco não deu certo. Com 8.034 votos ficou longe
do sonho parlamentar a nível estadual. “Cada eleição tem uma história. Já tinha
sido o mais bem votado do meu grupo, mas a população não entendeu e eu respeito
muito”, fala sobre o pleito.
“Quem entra na política tem que estar preparado para
vitórias e derrotas. Alegrias e decepções. Acredito que tudo isso vai continuar
a existir”.
Pingo-Pong – Definições rápidas de Ernesto Maia para:
Música – Inspiração
João Maia - Meu pai. Meu herói
Socorro Maia – Minha mãe. Minha Luz
Padre Zuzinha – Prefeito que entendia a linguagem do povo
Augustinho Rufino – Prefeito que na sua época já o
considerava ultrapassado
Dimas Dantas – Vice-prefeito
Fernando Aragão – A verdadeira chance
Edson Vieira – Prefeito de um mandato só
Vânio Vieira – Procurando seu lugar na política
José Augusto – Ingrato
Santa Cruz do Capibaribe – Minha cidade, que meu pai deixou
de legado
Nenhum comentário:
Postar um comentário