Bate papo Dimas
Dantas
O bate papo da ultima quarta-feira (08) recebeu o advogado, natural
de Batalha, no interior alagoano e fixado na Capital das Confecções, onde
exerce atualmente o cargo de vice-prefeito, Dimas Pereira Dantas. Ex-jogador de
futebol, técnico, comentarista esportivo e político, o bom de papo, Dimas
Dantas, tem muita história pra contar.
A infância
Muitas pessoas conhecem a carreira polêmica política e
profissional de Dimas, mas poucos sabem que quando criança os sonhos do menino
de Batalha era ser dono de uma “junta de boi”, e viver tranqüilo no campo.
“Como todas as pessoas de uma pequena cidade do interior,
minha infância foi livre. Não existiam limites para se divertir. Posso dizer
que foi maravilhosa e convivia com vacas e bois”, conta para mais a frente
lembrar. “Tenho quatro irmãos e quando os amigos do meu pai perguntavam o que
queriam ser quando crescer, meus irmãos respondiam ‘médico, engenheiro’ e eu
queria ter a apenas um carro de boi e meu pai ficava louco”. Preocupado com os ‘interesses’
do filho e entendendo que o mesmo deveria se interessar mais pelos estudos, Antônio
Solto Dantas matriculou Dimas num internato, em Arapiraca.
Entrada no mundo do
futebol
Dimas jogou no Almerin de Portugal, time de várzea, que tinha
como dono um produtor/exportador de fumo, forte financeiramente à época em
Arapiraca.
“Nesse tempo o
estádio municipal de Arapiraca estava em reforma, e quando ajeitou o dono do
Almerin foi ser o presidente e levou toda a base do seu time para o ASA”, conta.
Com 16 anos inicia a carreira na Agremiação Sportiva
Arapiraquense (ASA), profissionalizando-se pouco tempo depois, antes dos 17 anos.
Dificuldades
O político afirma que sempre teve a facilidade de se
expressar. Isso lhe ajudou na carreira, mas criou alguns desconfortos... Além
disso, o fato de ser nordestino também foi motivo de preconceito na cidade
paulista. Durante a passagem pelo Santos Futebol Clube, relembra:
Numa reunião entre o presidente do clube, à época Milton
Teixeira e os jogadores, após dispensa do técnico Cilinho, o jogador se
levantou e defendeu o ex-treinador.
“Eu levantei e falei. ‘Não tenho nada a contestar da decisão
de dispensa, mas em relação ao caráter, o senhor não tem razão’. Após a reunião um
sujeito da diretoria disse que eu não ia me dar bem por lá. Primeiro por que
era nordestino e segundo, porque falava demais”. Ele acrescentou que Cilinho
foi o maior treinador que conheceu.
Jornalista ‘encrenqueiro’,
excursão com o Náutico e cartão vermelho para o juiz? Como assim?
“Quando cheguei ao Santos, o treinador era o Pepe (fez
história ao lado de Pelé) e ele me falou para ter cuidado com um jornalista,
que era perigoso. E esse cara sempre me elogiava nos jogos, mas eu ficava com ‘um
pé atrás’ por conta do que o Pepe havia me falado”, diz e continua mais à
frente “E certa vez esse cara me ligou e foi ao meu apartamento. Tinha falado
para ele no dia anterior que minha mulher tinha ido a Pernambuco. Ele era
homossexual e estava querendo um caso comigo. Eu disse que não tinha nada
contra, mas sem interesse algum em ter relação, mandei ir embora”, fala.
Após o fato, o jornalista começou a dizer que o jogador não
servia para o Santos, e que era da qualidade do Jabaquara, time de baixo porte
do interior paulista.
Um dia de juiz – Em 10 de julho de 1986, no Pacaembu, jogaram
Corinthians e XV de Jaú, o Zagueiro que nessa partida estava de segundo volante
(camisa 8), não estava suportando o ‘puxado’ do juiz para o time da Capital e
realizou um ato inusitado que foi repetido depois por outros jogadores mundo a
fora. “No segundo tempo, ele expulsa o nosso meia esquerda e eu disse ‘você
está roubando’. Depois ele expulsa outro jogador de forma equivocada que não
havia feito a falta. Eu peguei o cartão
no bolso de trás e fiz o gesto com a mão”, relembra. Na mesma partida, conta
que ouviu de Casa Grande, hoje comentarista esportivo da Rede Globo, que era
louco. “Eu disse louco é você que cheiro cocaína”.
Nos States e na Arábia
– Durante os anos em que jogou pelo Náutico, o atleta fez diversas viagens ao
exterior. Nos Estados Unidos em jogo contra o Cosmos dE Nova York, em Trinidad
e Tobago, Arábia Saudita e Suécia.
Na época Moacir e Pinheirense eram os zagueiros titulares e
Dimas e Douglas os reservas do Alvirrubro. Contudo, Moacir com problemas para
renovação não foi selecionado para excursão. Nova chance para Dimas aparecer.
“O primeiro jogo foi contra o Cosmos. Jogavam Marinho
Chagas, Carlos Alberto Torres e Beckenbauer, e terminou 0 a 0. Resultado
fantástico”, diz. Relembrando que o destaque da partida foi o goleiro Ademar,
Dimas conta que a partir do jogo ficou com a posição de titular na defesa do
time recifense.
Quando retorna ao Brasil, o time que tinha a dupla de defesa
DD (Dimas e Douglas), ganhou um novo integrante na mesma letra: Dario
Maravilha. “Dario vinha do Paysandu, ele nasceu para o Marketing, e aproveitou
os três D’s. Dimas, Douglas e Dario. Era um cara fantástico de criatividade”,
conta.
Dimas no AR – Uma porta
para as urnas
Antes de encarar definitivamente as urnas para vereador em
Santa Cruz, Dimas teve um programa de rádio. O programa “Vale a voz do povo”
contava ainda com Hildo Teixeira e Antônio Carlos. À época um dos principais ‘calos’
da gestão Aragãzinho (1992-1996).
O político diz que não tinha a intenção, mas reconhece que o
programa radiofônico foi o ‘grande espaço’ para ser eleito vereador e ingressar
definitivamente na carreira política. Além de ter sido, segundo ele, fator
primordial para vitória de Ernando Silvestre em 1996.
“Aragãozinho, por
nunca ter chegado ao poder, se perdeu, não conseguiu administrar a cidade. O
programa tinha Hildo Teixeira na rua e Antônio Carlos passava pra mim comentar
o que já havia sido falado com os moradores [...] Foi um dos fatores principais
para vitória de Ernando, por que criou-se um sentimento de frustração com o
governo Aragãzinho. [...] O programa garantiu a eleição (para vereador), mas
não tinha essa intenção de ser candidato e tive uma votação muito boa”,
comenta.
Pensa em voltar? – “Entendo que o tempo passa e temos que
acompanhar e ter amadurecimento. E algumas coisas do passado foram importantes,
mas para aquele momento”, fala.
Polêmica com o Padre Bianchi
A eleição de 1996 foi vencida por Ernando Silvestre e Zé
Elias, derrotando o padre Bianchi e Fernando Aragão. Um guia eleitoral dessa campanha
com depoimentos do pai do padre contra o filho, até hoje gera polêmica e
revolta do pároco.
“Eu cheguei ao estúdio de gravações para o guia e Fred (um
integrante da equipe à época) disse ‘o pai do padre não aceita e não sabe como
o filho se meteu no meio dessa corja’. [...] 15 minutos depois ele volta com o
pai do padre para gravar. Ronaldo não quis fazer a entrevista e eu mesmo fiz”,
conta.
A polêmica existe por que, segundo o padre, se aproveitaram das
condições mentais e induziram o mesmo a declarar contra o filho. Dimas nega
veementemente. “A primeira pergunta que eu fiz foi ‘o senhor está aqui por
livre e espontânea vontade?’ ele confirmou que sim. Ele tinha plena consciência
e dizia que a mãe do padre tinha morrido com
essa decepção, pois o sonho era de que ele fosse padre e não ‘se meter com aquela corja’”, diz.
O quase vice
Eleito vereador em 1996, Dimas foi reeleito em 2000, 2004 e
2008 para o cargo legislativo na Casa José Vieira de Araújo.
Em 2008, eleição vencida por Toinho do Pará contra Edson
Vieira, por pouco Dimas não era o candidato a vice do prefeito eleito. “Toinho
que me chamou certa vez e me falou que eu seria a pessoa que lhe completaria.
Mas Zé, que era o grande líder na época não me queria como vice e queria Zé
Elias como candidato a prefeito”, fala e continua “Houve uma pesquisa que deu
Toinho na frente e numa reunião forçaram a sair a chapa pronta; Toinho e Zé
Elias. Depois Toinho me procurou para
explicar e nem precisava. Mas nunca briguei para ser vice, foi Toinho mesmo que
tinha me falado”
O vice de fato e
direito
Em 2012, novamente no grupo boca-preta, Dimas Dantas
Finalmente é candidato e eleito vice-prefeito, ao lado de Edson Vieira. Hoje politicamente
afastados, Dimas diz não se arrepender e afirma que em momento algum pediu para
ser vice. Ao contrário, foi sempre procurado.
“Não me arrependo de nada, tudo que fiz foi acreditando no
melhor. Tanto que disse que se Edson não for um bom prefeito eu deixo a política.
Quando Edson me procurou foi a minha casa e conversou comigo. Eu nunca fui atrás
dele. Ele que foi atrás de mim”, revela fazendo ainda algumas críticas ao
gestor. “Eu não tenho visto aquilo que foi pregado no palanque em nosso
dia-a-dia. [...] Aconteceram algumas coisas que nos afastaram e no futuro o povo
vai dizer quem tem razão. Mas eu não faço política para agradar ninguém, faço
pelos meus princípios”.
Não deu
Em 2014, Dimas tentou um vôo mais alto. Mas a vaga na Assembléia
Legislativa de Pernambuco (ALEPE), não foi possível. No entanto, ele se mostra
satisfeito com os votos recebidos em Santa Cruz do Capibaribe.
“Deu errado por que Eduardo da Fonte me prometeu 10 e 15 mil
votos e não deu. A única coisa boa foi a votação em Santa Cruz. Contra os dois
grupos eu sozinho consegui 2.700 votos sem nenhuma super estrutura. Santa Cruz
mostra que tem 3 mil eleitores que decidem eleição”, fala.
Ping-pong
Batalha/AL - Cidade do meu coração. Tanto quanto Santa Cruz
do Capibaribe
Futebol – Uma paixão
Política - Outra
paixão
Ernando Silvestre – Decente. Um cidadão de bem
Zé Augusto – Político claudicante
Edson Vieira - Político formal
Ernesto Maia – Político que não deve ser seguido como exemplo
Vânio Vieira – Político hoje mais serio de Santa Cruz do
Capibaribe
Eduardo da Fonte – Político que ajudou muito a cidade, mas
devemos esperar esse processo de investigação para saber, verdadeiramente, se ele
é uma pessoa que merece que continuemos lhe apoiando.
Zilda Moraes – Teve sua participação, mas hoje ta superada
na política de Santa Cruz
Paulo Câmara – Tem muito a mostra a Pernambuco
Família – Tudo na vida de cada um de nós
Santa Cruz do Capibaribe - A grande razão da minha expectativa
ainda de vida política. Essa expectativa ta depositada em Santa Cruz.
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