sábado, 11 de abril de 2015

Bate papo Dimas Dantas

O bate papo da ultima quarta-feira (08) recebeu o advogado, natural de Batalha, no interior alagoano e fixado na Capital das Confecções, onde exerce atualmente o cargo de vice-prefeito, Dimas Pereira Dantas. Ex-jogador de futebol, técnico, comentarista esportivo e político, o bom de papo, Dimas Dantas, tem muita história pra contar. 
A infância
Muitas pessoas conhecem a carreira polêmica política e profissional de Dimas, mas poucos sabem que quando criança os sonhos do menino de Batalha era ser dono de uma “junta de boi”, e viver tranqüilo no campo.
“Como todas as pessoas de uma pequena cidade do interior, minha infância foi livre. Não existiam limites para se divertir. Posso dizer que foi maravilhosa e convivia com vacas e bois”, conta para mais a frente lembrar. “Tenho quatro irmãos e quando os amigos do meu pai perguntavam o que queriam ser quando crescer, meus irmãos respondiam ‘médico, engenheiro’ e eu queria ter a apenas um carro de boi e meu pai ficava louco”. Preocupado com os ‘interesses’ do filho e entendendo que o mesmo deveria se interessar mais pelos estudos, Antônio Solto Dantas matriculou Dimas num internato, em Arapiraca.
Entrada no mundo do futebol
Dimas jogou no Almerin de Portugal, time de várzea, que tinha como dono um produtor/exportador de fumo, forte financeiramente à época em Arapiraca.
“Nesse tempo o estádio municipal de Arapiraca estava em reforma, e quando ajeitou o dono do Almerin foi ser o presidente e levou toda a base do seu time para o ASA”, conta.
Com 16 anos inicia a carreira na Agremiação Sportiva Arapiraquense (ASA), profissionalizando-se pouco tempo depois, antes dos 17 anos.
Dificuldades
O político afirma que sempre teve a facilidade de se expressar. Isso lhe ajudou na carreira, mas criou alguns desconfortos... Além disso, o fato de ser nordestino também foi motivo de preconceito na cidade paulista. Durante a passagem pelo Santos Futebol Clube, relembra:
Numa reunião entre o presidente do clube, à época Milton Teixeira e os jogadores, após dispensa do técnico Cilinho, o jogador se levantou e defendeu o ex-treinador.
“Eu levantei e falei. ‘Não tenho nada a contestar da decisão de dispensa, mas em relação ao caráter, o senhor não tem razão’. Após a reunião um sujeito da diretoria disse que eu não ia me dar bem por lá. Primeiro por que era nordestino e segundo, porque falava demais”. Ele acrescentou que Cilinho foi o maior treinador que conheceu.
Jornalista ‘encrenqueiro’, excursão com o Náutico e cartão vermelho para o juiz? Como assim?
“Quando cheguei ao Santos, o treinador era o Pepe (fez história ao lado de Pelé) e ele me falou para ter cuidado com um jornalista, que era perigoso. E esse cara sempre me elogiava nos jogos, mas eu ficava com ‘um pé atrás’ por conta do que o Pepe havia me falado”, diz e continua mais à frente “E certa vez esse cara me ligou e foi ao meu apartamento. Tinha falado para ele no dia anterior que minha mulher tinha ido a Pernambuco. Ele era homossexual e estava querendo um caso comigo. Eu disse que não tinha nada contra, mas sem interesse algum em ter relação, mandei ir embora”, fala.
Após o fato, o jornalista começou a dizer que o jogador não servia para o Santos, e que era da qualidade do Jabaquara, time de baixo porte do interior paulista.
Um dia de juiz  – Em 10 de julho de 1986, no Pacaembu, jogaram Corinthians e XV de Jaú, o Zagueiro que nessa partida estava de segundo volante (camisa 8), não estava suportando o ‘puxado’ do juiz para o time da Capital e realizou um ato inusitado que foi repetido depois por outros jogadores mundo a fora. “No segundo tempo, ele expulsa o nosso meia esquerda e eu disse ‘você está roubando’. Depois ele expulsa outro jogador de forma equivocada que não havia feito a falta. Eu  peguei o cartão no bolso de trás e fiz o gesto com a mão”, relembra. Na mesma partida, conta que ouviu de Casa Grande, hoje comentarista esportivo da Rede Globo, que era louco. “Eu disse louco é você que cheiro cocaína”.
Nos States e na Arábia – Durante os anos em que jogou pelo Náutico, o atleta fez diversas viagens ao exterior. Nos Estados Unidos em jogo contra o Cosmos dE Nova York, em Trinidad e Tobago, Arábia Saudita e Suécia.
Na época Moacir e Pinheirense eram os zagueiros titulares e Dimas e Douglas os reservas do Alvirrubro. Contudo, Moacir com problemas para renovação não foi selecionado para excursão. Nova chance para Dimas aparecer.  
“O primeiro jogo foi contra o Cosmos. Jogavam Marinho Chagas, Carlos Alberto Torres e Beckenbauer, e terminou 0 a 0. Resultado fantástico”, diz. Relembrando que o destaque da partida foi o goleiro Ademar, Dimas conta que a partir do jogo ficou com a posição de titular na defesa do time recifense.
Quando retorna ao Brasil, o time que tinha a dupla de defesa DD (Dimas e Douglas), ganhou um novo integrante na mesma letra: Dario Maravilha. “Dario vinha do Paysandu, ele nasceu para o Marketing, e aproveitou os três D’s. Dimas, Douglas e Dario. Era um cara fantástico de criatividade”, conta.
Dimas no AR – Uma porta para as urnas
Antes de encarar definitivamente as urnas para vereador em Santa Cruz, Dimas teve um programa de rádio. O programa “Vale a voz do povo” contava ainda com Hildo Teixeira e Antônio Carlos. À época um dos principais ‘calos’ da gestão Aragãzinho (1992-1996).
O político diz que não tinha a intenção, mas reconhece que o programa radiofônico foi o ‘grande espaço’ para ser eleito vereador e ingressar definitivamente na carreira política. Além de ter sido, segundo ele, fator primordial para vitória de Ernando Silvestre em 1996.
“Aragãozinho, por nunca ter chegado ao poder, se perdeu, não conseguiu administrar a cidade. O programa tinha Hildo Teixeira na rua e Antônio Carlos passava pra mim comentar o que já havia sido falado com os moradores [...] Foi um dos fatores principais para vitória de Ernando, por que criou-se um sentimento de frustração com o governo Aragãzinho. [...] O programa garantiu a eleição (para vereador), mas não tinha essa intenção de ser candidato e tive uma votação muito boa”, comenta.
Pensa em voltar? – “Entendo que o tempo passa e temos que acompanhar e ter amadurecimento. E algumas coisas do passado foram importantes, mas para aquele momento”, fala.
Polêmica com o Padre Bianchi
A eleição de 1996 foi vencida por Ernando Silvestre e Zé Elias, derrotando o padre Bianchi e Fernando Aragão. Um guia eleitoral dessa campanha com depoimentos do pai do padre contra o filho, até hoje gera polêmica e revolta do pároco.
“Eu cheguei ao estúdio de gravações para o guia e Fred (um integrante da equipe à época) disse ‘o pai do padre não aceita e não sabe como o filho se meteu no meio dessa corja’. [...] 15 minutos depois ele volta com o pai do padre para gravar. Ronaldo não quis fazer a entrevista e eu mesmo fiz”, conta.
A polêmica existe por que, segundo o padre, se aproveitaram das condições mentais e induziram o mesmo a declarar contra o filho. Dimas nega veementemente. “A primeira pergunta que eu fiz foi ‘o senhor está aqui por livre e espontânea vontade?’ ele confirmou que sim. Ele tinha plena consciência e dizia que a mãe do padre tinha morrido com  essa decepção, pois o sonho era de que ele fosse padre  e não ‘se meter com aquela corja’”, diz.
O quase vice
Eleito vereador em 1996, Dimas foi reeleito em 2000, 2004 e 2008 para o cargo legislativo na Casa José Vieira de Araújo.
Em 2008, eleição vencida por Toinho do Pará contra Edson Vieira, por pouco Dimas não era o candidato a vice do prefeito eleito. “Toinho que me chamou certa vez e me falou que eu seria a pessoa que lhe completaria. Mas Zé, que era o grande líder na época não me queria como vice e queria Zé Elias como candidato a prefeito”, fala e continua “Houve uma pesquisa que deu Toinho na frente e numa reunião forçaram a sair a chapa pronta; Toinho e Zé Elias.  Depois Toinho me procurou para explicar e nem precisava. Mas nunca briguei para ser vice, foi Toinho mesmo que tinha me falado”
O vice de fato e direito
Em 2012, novamente no grupo boca-preta, Dimas Dantas Finalmente é candidato e eleito vice-prefeito, ao lado de Edson Vieira. Hoje politicamente afastados, Dimas diz não se arrepender e afirma que em momento algum pediu para ser vice. Ao contrário, foi sempre procurado.
“Não me arrependo de nada, tudo que fiz foi acreditando no melhor. Tanto que disse que se Edson não for um bom prefeito eu deixo a política. Quando Edson me procurou foi a minha casa e conversou comigo. Eu nunca fui atrás dele. Ele que foi atrás de mim”, revela fazendo ainda algumas críticas ao gestor. “Eu não tenho visto aquilo que foi pregado no palanque em nosso dia-a-dia. [...] Aconteceram algumas coisas que nos afastaram e no futuro o povo vai dizer quem tem razão. Mas eu não faço política para agradar ninguém, faço pelos meus princípios”.
Não deu
Em 2014, Dimas tentou um vôo mais alto. Mas a vaga na Assembléia Legislativa de Pernambuco (ALEPE), não foi possível. No entanto, ele se mostra satisfeito com os votos recebidos em Santa Cruz do Capibaribe.

“Deu errado por que Eduardo da Fonte me prometeu 10 e 15 mil votos e não deu. A única coisa boa foi a votação em Santa Cruz. Contra os dois grupos eu sozinho consegui 2.700 votos sem nenhuma super estrutura. Santa Cruz mostra que tem 3 mil eleitores que decidem eleição”, fala.
Ping-pong
Batalha/AL - Cidade do meu coração. Tanto quanto Santa Cruz do Capibaribe
Futebol – Uma paixão
Política - Outra paixão
Ernando Silvestre – Decente. Um cidadão de bem 
Zé Augusto – Político claudicante
Edson Vieira - Político formal
Ernesto Maia – Político que não deve ser seguido como exemplo
Vânio Vieira – Político hoje mais serio de Santa Cruz do Capibaribe
Eduardo da Fonte – Político que ajudou muito a cidade, mas devemos esperar esse processo de investigação para saber, verdadeiramente, se ele é uma pessoa que merece que continuemos lhe apoiando.
Zilda Moraes – Teve sua participação, mas hoje ta superada na política de Santa Cruz
Paulo Câmara – Tem muito a mostra a Pernambuco
Família – Tudo na vida de cada um de nós
Santa Cruz do Capibaribe - A grande razão da minha expectativa ainda de vida política. Essa expectativa ta depositada em Santa Cruz.

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