terça-feira, 12 de abril de 2016

Por que Golpe?

Vivemos essa semana um grande clima de efervescência política em nosso país! Essa semana chegaremos ao ponto máximo deste processo. O processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff em curso na Câmara Federal terá seu desfecho provavelmente no próximo domingo. Este capítulo importantíssimo de nossa história está prestes a ter um passo muito importante e muita gente ainda não se deu conta do que está acontecendo.

Com a justificativa do combate à corrupção, que ganhou a opinião pública e o senso comum por meio dos grandes conglomerados da mídia brasileira, um grupo político derrotado por quatro vezes nas urnas se articula para tomar o poder por uma via antidemocrática, sem eleição, por meio de um golpe de Estado. Sim, golpe, a história vai dizer em breve! 

Se engana quem acha equivocadas as comparações com 1964. A diferença agora são os meios, mas as coincidências históricas são muitas, não só com 64, mas com o contexto político e social que culminou no suicídio de Getúlio Vargas. Em comum, o suposto combate à corrupção, o apoio popular conquistado por meio da grande mídia e o fato de os presidentes e a presidenta terem fortes ligações com movimentos políticos populares e de esquerda. Mesmo no caso de Getúlio, que sofria forte oposição da esquerda, mas que tinha um projeto de desenvolvimento e conquista de direitos.

O que acontece agora é um grande alinhamento de forças políticas - mesmo que não se coloquem assim – que detém em si muito poder. 

O parlamento brasileiro eleito em 2014 é um dos mais conservadores de nossa história. Mais até do que em muitos momentos durante a ditadura militar. Este parlamento, homogêneo e pouco representativa, composto majoritariamente pela elite, tem muito poder e está mobilizado para tomar o poder. 

O judiciário, igualmente composto pela elite – aquela que paga as melhores escolas e universidades e passa em concursos – e igualmente poderoso, está mobilizado para dar sustentação ao processo por meio de ações midiáticas e seletivas. 

A grande mídia, dominada por meia dúzia de famílias e com interesses econômicos ligados a questões políticas, que pratica monopólio de informação e pensamento é absurdamente poderosa e seleciona o que vai ser notícia, para colocar na cabeça dos cidadãos o que quer que defendamos.

Por fim, os detentores do capital, financiadores de campanha, uma pequena, ínfima parcela da população, que dominam quase a totalidade das riquezas do país. Essas pessoas juntas tem muito poder e também apoiam o processo de retirada do poder deste grupo político que aí está.

A avaliação do governo é ruim. Pesquisas apontam isso e a crise política e econômica é bem clara e assusta a todos nós. Mas o centro do debate não deve ser esse. Está em jogo algo muito mais importante: a segurança da nossa frágil e jovem democracia. Os elementos usados para retirar a presidenta da República do cargo são vagos e forçados. É preciso ter clareza de que o impeachment é previsto na nossa constituição e hoje, pela configuração atual do Congresso, o impeachment é muito possível, mas é puramente político. Se a oposição tiver votos suficientes, tirará a presidenta eleita legítima e democraticamente do poder. As consequências virão. Esta instabilidade política já vimos diversas vezes e nunca foi positivo para o país. É bom que lembremos, o GOLPE de 64 tinha apoio popular e visava supostamente combater a corrupção. 

Paulinho Coelho (Presidente do PC do B de Santa Cruz do Capibaribe)

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