sábado, 20 de fevereiro de 2016

Bate Papo com Júlio Negão

Júlio Jacinto da Silva Neto, mais conhecido por “Júlio Negão”, nasceu no dia 13 de agosto de 1971 na cidade de Toritama, Agreste de Pernambuco. Filho de José Jacinto da Silva (Concriz) e Janete de Assis Jacinto, Júlio teve uma infância sofrida e de muito trabalho. Júlio foi o escolhido para a volta do “Bate Papo Direto ao Ponto”.


Nascimento e vinda para Santa Cruz do Capibaribe

Júlio é natural da cidade de Lajes, ele revelou que nasceu em Toritama e só fez sair do hospital para Lajes, no Agreste do estado. Diante de sua infância, o mesmo nos revelou que nasceu naquela localidade, mas que adotou Santa Cruz do Capibaribe como sua cidade de coração, onde conseguiu amigos e teve sucesso na carreira de comunicador. Júlio Negão veio para Santa Cruz do Capibaribe no ano de 1982, onde seu pai começou a trabalhar na construção do conjunto habitacional da Cohab. E logo em sua chegada, o mesmo afirmou que já notava diferença, destacando inclusive, o “prato cheio”, onde relembrou um período difícil que enfrentou em Lajes.

“Aqui o prato já era cheio, isso mostrava uma grande diferença de Lajes, e eu sempre digo o seguinte, quando vou a Caruaru, que passo em Lajes, eu passo de olhos fechados para não lembrar da infância de fome e sofrida”, disse.

Família

Júlio Negão tem seis irmãos e também já é pai de três filhos, sendo avô aos 45 anos de idade, o que para ele se considera uma coisa marcante ser avô com pouca idade.

“É incrível ser avô nessa idade, uma experiência marcante diferentemente de ser pai”, disse.

Infância

Começou a trabalhar aos oito anos de idade na cidade de Santa Cruz do Capibaribe como vendedor de picolé e pegava frete nas feiras de fruta. Júlio lembra uma história que foi uma verdadeira “saia justa”, e que foi por ter vendido oito picolés e não recebeu nas proximidades da Igreja de São Cristóvão.

“O camarada chupou oito picolés e não me pagou, foi no começo da construção da Igreja de São Cristóvão, e eu sai de lá sem poder dizer nada, eu chorei tanto, oito picolés tirou o meu lucro do dia inteiro”, lembra, de forma extrovertida. Perguntado sobre a sua preferência em escolher o rádio como profissão, o mesmo lembra que desde criança que já vinha com bons olhos essa realidade.

Estudos

Cursou o ensino fundamental na Escola Luiz Alves da Silva até a 7º série, na 8º foi para a Escola Padre Zuzinha onde pouco tempo depois veio a abandonar os estudos. Poucos anos após, o mesmo retornou e concluiu o ensino médio na Escola Dr. Adilson Bezerra. Júlio lembra que com muita insistência de Alencar Lopes, Júlio concluiu os seus estudos.

“Sempre fui um aluno comportado”

Questionado sobre os seus comportamentos escolares, Júlio disse que sempre se manteve um aluno atencioso e quieto, mas revela que quando começou a estudar a noite foi mais complicado.

“Fui estudar a noite e foi onde complicou mais, porque daí em diante passei a tomar umas bicadas e ir as festas, foi quando começou a complicar e depois disso parei de estudar, foi quando comecei a tocar na banda do Luiz Alves e com pouco tempo fui para a banda Musical Novo Século”.

Banda Musical Novo Século

Ainda na infância, exatamente aos 13 anos, Júlio Jacinto começou a tocar na Banda Musical Novo Século de Santa Cruz do Capibaribe, e de acordo com informações, o seu pai é músico e o seu avô por parte de mãe tocava, construindo assim uma “veia” artística. Júlio trabalhou ainda, como garçom no Bar de Tadeu. Júlio lembrou de sua trajetória até chegar à banda, e citou as derrotas que teve quando tentou ser presidente daquela agremiação.

“Passei pela Diretoria, como Conselho Fiscal, fui 2º Secretário e depois fui candidato a presidente, fui o primeiro da história da banda a disputar voto a voto, antes disso era eleito por aclamação popular. Perdi duas eleições seguidas, eu tinha projetos bons para a banda, mais se hoje, alguém me perguntar se eu queria assumir, hoje eu não quero”, afirmou.

Mundo artístico e veia familiar

Júlio tem dentro de sua família pessoas que são ligadas a veia artística, onde ele tem um tio que o cineasta Cláudio Assis, o seu pai Concriz, é sanfoneiro e o avô da parte de sua mãe também toca oito baixos, seus irmãos também são envolvidos com a música, são eles Jordão Jó e George, que já tocou com Alcymar Monteiro.

“Meu tio é cineasta, o Cláudio Assis, e meu irmão George toca o mesmo instrumento que eu, e ele já se destacou tocando com Alcymar Monteiro e isso não gera concorrência não. O outro irmão meu (Jordão) canta e graças a Deus é conhecido aqui. As pessoas acham bonito tudo isso, porque vê que somos unidos”, frisou.

Curiosidades

Cadê o ovo que estava aqui? O gato comeu!

Na sua infância, Júlio Negão e seu irmão Jordão Jó, trabalhavam com frete e tem um fato inusitado a revelar, sobre o ovo que sua mãe teria deixado na mesa para ele e seu irmão.

“Após um dia de cansaço, chegamos em casa para almoçar, ao chegar mãe disse que tinha apenas um ovo dentro da frigideira para nós dois (Júlio e Jordão), e estava em cima da mesa, nós vimos que o gato estava debaixo da mesa com fome e nós inventamos de cortar uma cebola para ficar mais agradável a comida, quando eu e Jordão olhamos para traz, o gato estava acabando de comer o ovo. Ai a gente pegou ele e demos uma pisa nele grande, depois jogamos ele no lixo, quando foi no outro dia o gato apareceu em casa e viveu por mais dez anos”, revelou.

Pegou frete da família Moraes

Júlio Negão trabalhou com frete, onde realizava diversos trabalhos para a “Família Moraes”, e de acordo com relatos, o mesmo pegava frete deles e sempre pegava algumas frutas que eles compravam, especialmente as maças.

“Oseas sempre me mandava para pegar as feiras dele, e depois nasceu os seus filhos Diogo Moraes e Henrique, e eu sempre era doido para comer maça, eu só via essa fruta no calendário que minha mãe tinha. Ai um dia Oseas me mandou pegar a feira e vi uma bolsa cheia de maça, aí eu sempre carregava duas e colocava na gaveta da carroça.

“Minha consciência doía”

“Eu ficava com a consciência pesada, doía bastante, porque eles pagavam o meu trabalho de forma digna e me ajeitavam demais, eu tomei café na casa deles, e ficava muito triste em fazer isso, mais era criança e não entendia o caso. Até que um dia me abri e confessei. Todos caíram na risada”.

Início no rádio – Júlio Negão, que atualmente é apresentador dos Programas “Sinfonia Nordestina” e “Feira de Mangaio” na Rádio Comunidade FM, já participou de todas as rádios do município, só não esteve em uma delas, a Santa Cruz FM. Seu início em rádio se deu de forma “pirata”, trabalhando com locutores que são conhecidos, a exemplo de Claudemir Nunes e tantos outros, e o mesmo relembrou que trabalhou em uma rádio pirata em 1999, que na época não tinha fiscalização e foi nesse momento onde passou a ser conhecido pelos seus programas.

“Trabalhei em uma rádio pirata no ano de 1999, junto com Claudemir Nunes e tantos outros locutores que são conhecidos aqui na cidade. Na época só existia a rádio Vale AM, onde era muito difícil de conseguir um trabalho lá devido à ótima equipe que eles tinham. Eu ainda tentei trabalhar na Vale umas três vezes, e eles batendo a porta na minha cara, não tinha vaga pra mim. Só que a rádio pirata foi o ponto inicial, uma espécie de “Vitrine” para que a partir daí eu pudesse crescer profissionalmente”, relembra.

“Eu fui perseguido pela Polícia Federal, toda semana eles fechavam rádios até a última vez que eu me lembro, fecharam três rádios e os agentes sempre me reconheciam”, disse.

“A minha vinda para a rádio Comunidade FM já completou três anos e eu estou bastante feliz, querendo levar essa cultura por mais 150 anos se puder”, disse de forma humorada.

Sutiã cor de Pele?

Em um de seus empregos quando trabalhava com Sérgio Colino, Júlio Negão vendia sutiãs importados para o mesmo e uma cliente da Bahia foi até seu ponto comercial para comprar sutiã cor de pele, e Júlio não entendendo a situação trouxe para a mulher um sutiã preto devido à cor da freguesa.

“A compradora chegou e pediu um sutiã cor de pele, e ela era negra igual eu, então eu fui e peguei um sutiã preto, ela olhou para mim e começou a dizer desaforos, e eu expliquei a ela que nós éramos negros e por isso que peguei o sutiã cor de pele”.

Frevança Capibaribe

Idealizador do Frevança Capibaribe junto com Alencar Lopes, Júlio Negão relembra que a grande carnavalesca Uda Aragão, levou ele uma vez para tocar no Galo da Madrugada em Recife, no Bloco da Sulanca, e que após a morte dela, resolveu homenagear ela com a distribuição de troféus que anualmente é dado às pessoas que defendem a cultura do município.

Amizade com Eduardo Campos

Júlio Negão lembrou que sempre esteve na vida política de Diogo Moraes e participou de vários momentos da vida do deputado estadual, sendo um deles, se tornar amigo pessoal do ex-governador Eduardo Campos.

“Eduardo Campos me conhecia como “Galego do Piston”, uma vez me convidou no hotel fazenda em Taquaritinga do Norte e nós saímos em um Fiat Elba para lá, eu, Diogo e Fred Gomes, saímos com 22 reais e a gasolina pouca, chegando lá, Diogo entrou na comitiva, as portas fecharam e eu e Fred ficamos de fora, aí fomos a um bar nas proximidades e tomamos uma latinha. Quando foi uns minutos depois, Diogo ligou para a gente e pediu para ir até o Governador para dizer poesias lá, que ele estava pedindo”.

“Chegamos lá e os seguranças já apontaram as armas para a gente, nessa hora Eduardo ia saindo do banheiro e nos reconheceu, chamando a gente para entrar, aí eu passei do lado do segurança e disse “aprenda a trabalhar rapaz”, no momento que entramos ele me mandou sentar e comecei a dizer poesias matutas e depois ele botou a mão no meu bolso. Fui no banheiro e quando olhei no meu bolso tinha R$ 400 reais que ele me deu”, disse.

Júlio lamenta a morte de Eduardo Campos

“Eu fiquei bastante chocado, eu já disse que Deus dá a farinha e o cão rasga o saco. Eu poderia hoje, ser amigo do Presidente da República, mais agora isso só será possível em outra reencarnação porque nessa já era”, encerrou Júlio.

Jogo Rápido 

Música – Banda Musical Novo Século
Cultura Popular – Frevo
Frevança Capibaribe – Representa tudo para mim
Hildo Teixeira – O meu professor
Fred Gomes - Grande amigo, irmão
Marcondes Moreno – Grande Iincentivador
José Augusto Maia – acho ele anti-cultural
Paula, Oseas e Diogo Moraes – Representam muita coisa na minha vida
Eduardo Campos – Grande político do cenário brasileiro, e grande amigo, ainda o admiro
Edson Vieira – Grande político de Santa Cruz do Capibaribe

Santa Cruz do Capibaribe – A minha mãe, nunca quero deixar.

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