terça-feira, 19 de novembro de 2013


A economia local e os desafios para sua competitividade

O Arranjo Produtivo Local de Confecção de Santa Cruz do Capibaribe faz parte de um arranjo maior, o APL de confecções do agreste de Pernambuco, o qual é composto por 18.803 empresas que geram aproximadamente 100.000 empregos diretos e indiretos e faturam em média R$ 1,1 bilhão. O mesmo representa 5% do PIB do estado e é tido como sinônimo de dinamismo econômico para o agreste e para as cidades circunvizinhas. O surgimento desse arranjo se deu nessa cidade, e é aqui que o APL de confecções do Agreste apresenta seus maiores índices de desempenho, já que Santa Cruz do Capibaribe concentra 38% das fábricas de confecção e comporta 38.973 mil dos empregos gerados pelo arranjo citado (SEBRAE, 2013). 

Esse crescimento vigoroso por sua vez, tem causado alguns impactos negativos na cidade, isto porque, a infraestrutura urbana não comporta de forma adequada o grande contingente de fábricas, a grande oferta de emprego gera uma imigração desenfreada o que eleva a demanda imobiliária e consequentemente os preços dos imóveis e dos bens e serviços, tudo isso impacta negativamente no poder de compra dos habitantes locais e interfere na qualidade de vida das pessoas. Os salários são corroídos por esses custos elevados e o custo de vida compromete a permanência dos trabalhadores no APL elevando a rotatividade da mão-de-obra e com ela os gastos em treinamentos e transferências de tecnologias industriais.

Além disso, como 81% das fábricas locais funcionam na informalidade, os preços praticados no mercado são de baixo valor agregado e os produtos ofertados não estão dentro dos padrões de qualidade, o que deprecia a imagem institucional do arranjo e dificulta o investimento desses pequenos fabricantes em inovações para a modernização dos seus produtos e processos produtivos. O resultado disso é uma indústria que tem como diferencial competitivo o baixo preço, a alta quantidade e uma mão-de-obra barata, fatores que são insustentáveis no longo prazo, já que a lógica da competitividade atual está fundamentada na introdução de inovações, na oferta de produtos diferenciados, direcionados a mercados segmentados que atendam a públicos diversos e satisfaçam desejos distintos, com um posicionamento mercadológico que prime pelo respeito aos colaboradores, aos clientes, a sociedade e ao meio ambiente, situação que difere e muito com o arranjo local.  

Para resolver esses problemas, esse arranjo precisa vencer alguns desafios que interferem na sua competitividade, dentre eles, destacam-se a inserção de melhorias mercadológicas que busquem a modernização da indústria local mediante o constante processo de inovação tecnológica, o que requer a qualificação da mão-de-obra, esta qualificação por sua vez só ocorre em fábricas legalizadas que têm acesso aos programas formais de fomento a aprendizagem industrial, a qual precisa necessariamente de políticas públicas voltadas a transferência de conhecimentos e tecnologias, desse modo, considerando que o arranjo funciona com a grande maioria de suas fábricas atuando na informalidade, a qualificação profissional da mão-de-obra, a introdução de inovações e a formulação de políticas públicas de incentivo a indústria local ficam comprometidas e a competitividade do arranjo ameaçada.  

Nesse sentido, além dos desafios citados, esse arranjo tem como “grande desafio” romper com informalidade para se tornar competitivo, já que ela impacta nas demais demandas, isto porque, a formalização legitima as demandas dos empresários locais e se converte em benefícios coletivos ao possibilitar a competitividade da indústria e com ela a geração de empregos “decentes”, a formação de grupos de interesse que lutem por melhorias para a economia e para cidade e a construção de um diálogo mais próximo e efetivo com o poder público. No entanto, tudo isso demanda uma mobilização coletiva dos diferentes segmentos da sociedade e ações conjuntas entre a sociedade e o setor público. É preciso perceber que a sobrevivência do arranjo é a sobrevivência da cidade, uma vez que o setor de confecções é a principal atividade econômica da localidade. 

E você, o que tem feito pela competitividade desse arranjo? O que tem feito pela sobrevivência da economia local? Participe desse processo, contribua com essas demandas e seja um agente transformador da realidade local.

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