terça-feira, 30 de agosto de 2016

Presidenta Dilma fala por mais de 13 horas no Senado. Confira os destaques

Petista discursou no começo do dia e enfrentou sabatina dos senadores. Sessão repercutiu em todo o mundo

A sessão de defesa no Senado da presidenta eleita Dilma Rousseff, que durou mais de 13 horas, foi povoada por momentos marcantes. Desde o discurso de defesa às perguntas de 48 senadores, passando pelo apoio in loco de Lula e Chico Buarque, Dilma aguentou uma sessão que começou às 9h40 e se estendeu até as 23h50. O dia terminou com os questionamentos da jurista Janaína Paschoal, da acusação, e do defensor José Eduardo Cardozo. Ao final, Lewandovski agradeceu à presidenta e confirmou para esta terça-feira às 10h a retomada do julgamento.

Esta terça-feira também deve ser um dia longo no Senado. Os 81 senadores devem se manifestar durante o dia. Cada um dos parlamentares terá direito a dez minutos de fala e não terão tempo extra. A previsão é de que o sexto capítulo do julgamento de Dilma dure 17 horas, se encerrando por volta das 3h da manhã de quarta-feira.

O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, vai ler um resumo dos fundamentos da defesa e da acusação, além das provas apresentadas pelas partes. A seguir, dois senadores que apoiam a presidenta e dois que são favoráveis ao impeachment devem apresentar seus argumentos, cada um com direito a cinco minutos de fala. 

Por fim, o momento da votação. Lewandowski fará a pergunta a seguir aos parlamentares:

"Cometeu a acusada, a Senhora Presidente da República, Dilma Vana Rousseff, os crimes de responsabilidade correspondentes à tomada de empréstimos junto à instituição financeira controlada pela União e à abertura de créditos sem autorização do Congresso Nacional, que lhe são imputados e deve ser condenada à perda do seu cargo, ficando, em consequência, inabilitada para o exercício de qualquer função pública pelo prazode  oito anos?".

A votação, nominal e aberta, acontecerá por meio do painel eletrônico, ao contrário do que houve na Câmara, realizada pelo microfone. São necessários 54 votos de 81 para se concretizar a perda do mandato de Dilma Rousseff. Encerrada a votação, o presidente do STF lavra e lê a sentença.

Confira os destaques do quarto dia de julgamento de Dilma:

Preço alto
"Contrariei interesses e por isso pago um preço alto", disse a presidente afastada em sua defesa, ressaltando que o processo de impeachment só foi aprovado por conta da "chantagem implícita" de Cunha, que não queria que seu processo de cassação fosse aberto. E frisou o fato de não ter se curvado à chantagem do peemedebista motivou a abertura de seu processo de impedimento.

Repercussão Mundial
O discurso de defesa de Dilma repercutiu na imprensa de todo o mundo. Jornais como El Pais e Le Monde ressaltaram que Dilma denuncia um golpe de Estado, já o The Guardian relembrou seu passado de guerrilheira e disse que ela foi com a mesma força para a "luta" no Senado. O The New York Times afirmou que a defesa da presidente hoje é sua última cartada.

Gosto amargo
Dilma citou a luta contra a ditadura e o dia que foi eleita para assumir o segundo mandato, em 1º de janeiro de 2015. "Fui eleita por mais de 54 milhões de votos. Respeitei o compromisso que assumi perante a nação", disse.

No discurso, Dilma também disse que jamais praticaria atos contrários dos que a elegeram e afirmou não ter cometido crime de responsabilidade. "Diante das acusações, não posso deixar de sentir na boca novamente o gosto áspero e amargo da injustiça, e como no passado, resisto".

Cristovam questiona sobre Temer
O senador Cristovam Buarque questionou à petista quais foram os critérios para Michel Temer ter sido escolhido como vice-presidente dos seus dois mandatos.

Escolhemos o senhor Michel Temer como vice-presidente porque supúnhamos que ele era integrante desse centro agregador. Que ele representava o melhor do PMDB. Não sei quando começou a mudar, mas começou a mudar", respondeu Dilma.

Sílvio Costa: "estão torturando Dilma pela segunda vez"
O deputado Silvio Costa (PTdoB-PE) disse que se emocionou com depoimento da presidente afastada Dilma Rousseff. "Ela está sendo torturada pela segunda vez", disse em relação ao processo de impeachment. Dilma ficou com a voz embargada durante o seu discurso quando lembrou que foi torturada na ditadura.

"Rotundo golpe"
Dilma Rousseff fez um apelo aos senadores para que não seja condenada por crime de responsabilidade, o que provocaria a perda de seu mandato. "A hora que julgarem e condenarem uma presidente inocente, sem crime de responsabilidade, é um rotundo golpe. É um golpe integral", disse Dilma.

Governistas acusam Dilma de não ser convincente
No intervalo da sessão em que a presidenta afastada Dilma Rousseff apresentou sua defesa no julgamento do impeachment, o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), afirmou que, apesar das críticas dela ao governo Temer e a parlamentares governistas, o voto dos senadores não deve mudar. "Pode comover alguns lá fora, aqui dentro não", afirmou.

Senadores favoráveis ao afastamento definitivo de Dilma disseram que ela deu respostas muito técnicas e que, até então, não havia sido convincente em seus argumentos para desmontar a tese da acusação de que cometeu crime de responsabilidade.

"Cunha foi um dano grande ao país"
Dilma deixou clara a antipatia pelo deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que no fim de 2015, como presidente da Câmara, aceitou a abertura do processo de impeachment contra ela.

Respondendo a uma pergunta da senadora Lídice da Mata (PSB-BA), Dilma disse que a contribuição de Cunha ao país "foi a mais danosa possível". "A contribuição de Cunha foi a mais danosa possível porque já vinha sendo bem danosa quando tentamos aprovar, ainda em 2014, a Lei dos Portos, com todas as dificuldades possíveis, pois ele não queria a aprovação sem contemplar alguns interesses estranhos", afirmou, sem esclarecer ao que se referia.

Conhecido adversário, Aécio acusa Dilma
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) fez um duro pronunciamento em direção a  Dilma durante a sessão de julgamento final do impeachment da petista no Senado Federal. O tucano acusou Dilma de ter vencido as eleições de 2014, quando ele saiu derrotado, faltando com a verdade e cometendo ilegalidades.

Armando Monteiro elogia presidente
O senador Armando Monteiro (PTB-PE), que foi ministro de Dilma, destacou "a seriedade, a correção e o espírito público" da petista. "Desde o momento em que esta Casa fez juízo da admissibilidade do processo de impeachment, só fortaleceu minha convicção, em todas as fases desse processo, de que não há razão ou justificativa, do que dispõe a Constituição, que configure de forma inequívoca o crime de responsabilidade", defendeu.

Chico Buarque reafirma golpe
Bastante assediado pela imprensa e causando um pequeno tumulto nos corredores do Senado, o cantor e compositor Chico Buarque deixou o Senado na tarde desta segunda-feira, e evitou falar com a imprensa. Diante da insistência de jornalistas, Chico limitou-se a dizer que o impeachment era sim um "golpe" e reforçou que acha difícil que afastamento definitivo da presidente Dilma Rousseff seja revertido.

Kátia Abreu, amiga e aliada do começo ao fim
Uma das principais aliadas da presidente afastada Dilma Rousseff a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) afirmou que o discurso da petista na sessão de julgamento final do impeachment no Senado ajuda a convencer senadores a votarem contra a saída da petista. Segundo a peemedebista, há "uns três" senadores cujas esposas estão mandando mensagens aos maridos pedindo que votem a favor de Dilma.

Plebiscito
Dilma afirmou que decidiu apoiar a convocação de um plebiscito sobre novas eleições e também sobre reforma política se voltar ao poder. Ela considera a atual situação do Brasil muito delicada. Segundo a petista, essa é a única forma de reconquistar a governabilidade do país. "A base da governabilidade é política, e eu acho que a população tem de participar".

Mea culpa
Em resposta à sua aliada, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), Dilma Rousseff aproveitou para fazer um "mea culpa" sobre a sua relação com o Congresso Nacional. Criticada por Eduardo Amorim (PSC-SE), que disse que ficou decepcionado com a "falta de diálogo" de Dilma, a petista pediu desculpas ao parlamentar por não ter "atendido às expectativas". Ela disse que tem clareza de que a conversa com os deputados e senadores é necessária, mas ressaltou que isso não é base para nenhum crime de responsabilidade.

Lula se pronuncia
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, se os senadores tivessem lido antes o discurso da presidente afastada, Dilma Rousseff, não haveria impeachment. Para Lula, sua sucessora teve uma atuação "firme e centrada" ao se defender no plenário do Senado.

"Isso aqui é um tribunal de exceção", acusa Lindbergh
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), 27º parlamentar a questionar a presidente afastada Dilma Rousseff, exibiu uma foto da petista durante sua prisão na ditadura militar, reafirmou que o processo de impeachment "é um golpe" e que o Senado "é um tribunal de exceção".

De acordo com o senador, o processo de impeachment é um golpe de classes. "Acuso a elite e burguesia brasileira que nunca tiveram compromisso com a democracia", disse. "Acuso o PSDB de não ter aceitado o resultado das eleições", complementou.

Humberto chama Mendonça de "mãos de tesoura"
Líder do Partido dos Trabalhadores no Senado, Humberto Costa (PT-PE) tomou a palavra durante a sessão de defesa da presidente afastada da República Dilma Rousseff. "Dezessete governadores e vários outros presidentes já fizeram o que você fez. Se tivesse feito irregularmente, no máximo a senhora tomaria uma multa", disse.

"O Senado tem a oportunidade de reparar essa oportunidade ou chancelar um acordo político", disse o senador. Adversários políticos históricos, Humberto Costa chamou o atual ministro da Educação, o também pernambucano Mendonça Filho (DEM), de "ministro mãos de tesoura", acusando-o de cortes em programas educacionais.

Repressão na Paulista
As frentes Povo sem Medo e Brasil Popular realizaram, durante a noite desta segunda-feira, na Avenida Paulista, uma manifestação em protesto contra o processo de impeachment de Dilma.

O clima era tenso na região e a Polícia Militar (PM) chegou a usar bombas de efeito moral para impedir que os manifestantes se aproximassem do prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), entidade que os dois movimentos consideram "patrocinadora do golpe" contra a presidenta afastada.

Planalto responde a Dilma
Enquanto recebia críticas por parte de senadores oposicionistas que defendem a presidente afastada, Dilma Rousseff, no Senado, o Palácio do Planalto emitiu uma nota garantindo que "não é verdade que se debata a estipulação de idade mínima de 70 ou 75 anos aos aposentados". O texto também dia que "não será extinto o auxílio-doença; não será regulamentado o trabalho escravo; não há privatização do pré-sal e não se cogita revogar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)".

Com agências Brasil e Estado e Correio Braziliense

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